Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo Metropolitano de Uberaba – MG
Inúmeros acontecimentos da atualidade dão a impressão de que
estamos tocando no final dos tempos. Muitas pessoas dizem que estamos chegando
ao fim do mundo, que deveria coincidir também com o fim da história, quando não
haverá mais contagem das horas. Será que caminhamos para a falência total, para
a destruição de tudo que existe, caindo num total vazio e no caos?
A natureza realmente vem sendo agredida. Ela tem que “fazer
milagre” para se sobreviver e dar possibilidade de vida. Os seres vivos, isto
é, as pessoas, destinatárias de todos os bens da criação, vão sendo
encurraladas pela violência, poluição, agrotóxicos, apartamentos cada vez mais
cubículos, exploração econômica, desemprego e uma série de outros sofrimentos e
limites.
A sensação realmente é de uma realidade preocupante. As
pessoas são ameaçadas por todos os lados. Não só ameaça física, mas também
psicológica, social e espiritual. Ricos e pobres são reféns de situações
indesejáveis, minando a esperança de um futuro feliz. Com isto, muitos perdem o
rumo, se desesperam e acabam eliminando a própria vida.
Acontece que não nos damos conta de que é Deus quem dirige a
história. Ele capacita todas as pessoas de condições necessárias para enfrentar
as realidades negativas que encontram. Mas elas passam, têm o seu fim, e a
história continua. Os sofrimentos, que marcam o tempo final, não são a
conclusão de tudo. São, sim, as marcas da história, que muda, mas continua.
Não é fácil interpretar os sinais dos tempos, mesmo que eles
sejam bem evidentes e com aparência de fim do mundo. Depende de uma sabedoria
divina para direcionar o pensamento para realidades de esperança e provocadora
de vigilância. As catástrofes das mineradoras, matando muita gente, não significa
fim, mas exploração irresponsável e injusta.
A história não tem sido lida a partir da Palavra de Deus. Os
critérios têm acontecido de forma, apenas, humana. Por isto sofremos as
consequências desastrosas, que ceifam a vida de muitas pessoas. Alguma coisa de
sobrenatural está sendo colocada no ostracismo, desrespeitando a justiça
divina.
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