"Não fosse a generosidade do amor de Deus, o ser humano não teria futuro na terra."
Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claro
Ninguém perde nada quando se abre para ajudar o semelhante.
Ao contrário, ganha em dignidade, sabedoria e cidadania. O próprio Jesus ensina
que sai lucrando quem é capaz de se sacrificar pelo bem do semelhante, até
dando a vida, como Ele fez. Além de ter a recompensa em humanidade, tem a
recompensa divina.
No tempo do profeta Elias havia carestia entre o povo e uma
viúva só tinha um restinho de mantimento para prover a si e seu filho. O homem
de Deus lhe pediu comida. Ela falou a verdade de sua situação com pouca coisa
para comer, não tendo provisão suficiente para sobreviver. No entanto, com a
promessa da bênção divina feita por quem lhe pedia alimento, ela confiou e lhe
deu o restinho de comida. Daquela hora em diante a Providência divina fez o
milagre de não lhe faltar mais alimento (Cf. 1 Reis 17,10-16).
Não fosse a generosidade do amor de Deus, o ser humano não teria futuro na terra. Ele mandou seu Filho Jesus para nos ensinar a sermos solidários e misericordiosos com o semelhante (Cf. Hebreus 9,28). Apesar de tanta injustiça humana, há quem salve a população, como verdadeiro para-raio. Temos pessoas generosas, que dão de si pelo bem do semelhante. São incansáveis em sua doação de tempo, de trabalho e condivisão do que possuem. Lutam por causas da justiça e da dignidade humanas. Unem-se a movimentos de promoção de políticas públicas para o serviço ao bem comum. São de participação positiva na vida da comunidade. Estão prontas para ajudar no quer for preciso. Usam dos próprios dons para servirem o próximo e as instituições de assistência e promoção humana, como fala o salmista (Cf. Salmo 145- ou 146). Na vida religiosa não se omitem em ajudar a evangelizar.
A generosidade não significa necessariamente em se dar
grande quantidade de benefícios aos outros, mas sim em dar grande proporção do
que se tem. Jesus elogiou a viúva pobre, que colocou no cofre do templo duas
moedas, ou seja, tudo o que possuía, enquanto ricos colocaram muito, mas do que
lhes sobrava (Cf. Marcos 12,41-44). Muitas vezes há quem é tido como benfeitor
porque deu boa contribuição a outros ou até a obras de caridade, mas poderia
dar muito mais. Outros dão pouco, mas isso foi fruto de grande sacrifício para
si.
Precisamos educar muito as pessoas para o altruísmo, ou seja, para uma convivência cidadã, em que se
trabalhe para o bem do semelhante e de toda a sociedade, priorizando quem é
mais carente de inclusão social. O Evangelho nos aponta a necessidade de
olharmos o próximo com atitude do bom samaritano. Hoje há forte cultura da
subjetividade, que faz muitos se fecharem para dentro de si mesmos, não
cuidando do bem comum. Aliás, a solução para os problemas da humanidade está na
abertura para a prática do serviço ao outro. Dessa forma, cada um vai pensar na
melhor forma de cuidar da convivência justa, solidária e fraterna. Vai-se
convencer de que somente teremos paz quando formos realmente comprometidos com
o cuidado de todos. A prática da generosidade é o ingrediente indispensável
para vivermos como pessoas de bom caráter e de amor ao semelhante.
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