Dois índios Ka’apor estão feridos e quatro estão
desaparecidos após um ataque de madeireiros na Terra Indígena Alto Turiaçu, no
Maranhão. A aldeia Turizinho chegou a ficar cercada por madeireiros.
Um grupo de cerca de 25 guardiões do povo Ka’apor estava
combatendo o fogo na extremidade norte da Terra Indígena Alto Turiaçu, no
Maranhão, quando encontrou sete pessoas extraindo madeira ilegalmente em um
ramal que já havia sido desativado anteriormente. Os indígenas apreenderam os
equipamentos, queimaram os veículos e detiveram os madeireiros para apresentar
ao Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais).
No entanto, um invasor conseguiu fugir e retornou mais
tarde, com cerca de 20 homens armados, atacando os Ka’apor e bloqueando o ramal
que dá acesso a aldeia Turizinho. Dois indígenas ficaram feridos e quatro estão
desaparecidos. Não há informações sobre a gravidade dos ferimentos. O
superintendente da Polícia Federal (PF) no Maranhão foi acionado e policiais
devem ser enviados à área para resgatar os baleados da aldeia. Um sobrevoo da
PF sobre a área esta previsto para hoje (isto é, naquele dia 22).
“A falta de credibilidade nas autoridades, que deveriam
garantir os direitos e a segurança dos povos tradicionais, tem feito com que
grupos indígenas entrem em estado de guerra na defesa de suas terras, a exemplo
do que vem acontecendo com os Ka’apor da TI Alto Turiaçu”, afirma Tica Minami,
coordenadora da campanha da Amazônia no Greenpeace.
O episódio é o mais recente capítulo de um conflito que se
arrasta há mais de 20 anos entre os Ka’apor e madeireiros que invadem a Terra
Indígena Alto Turiaçu. Cansados de esperar pela intervenção do Estado, os
Ka'apor decidiram, em 2013, defender-se dos madeireiros de maneira autônoma. De
forma coordenada, lideranças indígenas passaram a fazer ações de vigilância e
monitoramento da Alto Turiaçu para evitar o avanço do desmatamento e a abertura
de novos ramais de extração e transporte de madeira ilegal.
E, apesar de bem-sucedidas, as ações autônomas de proteção
ao território vêm gerando retaliações aos indígenas da região. Exemplo disso
são os recentes incêndios que estão devastando as terras indígenas do Maranhão,
ameaçando inclusive povos isolados - como é o caso dos Awa na TI Caru.
A facilidade com que a madeira roubada de áreas protegidas
recebe documentação oficial, passando a ser vendida livremente no mercado, motiva
as invasões às terras indígenas e deixa um rastro de destruição e violência na
Amazônia.
Para o Greenpeace, o que vem acontecendo na Alto Turiaçu não
pode mais ser tolerado. “O governo precisa parar de reagir e começar a tomar as
medidas necessárias para garantir a proteção efetiva das terras indígenas
existentes. Só fiscalização não resolve. Tem que investigar as serrarias e
rever os planos de manejo em operação na Amazônia como primeiro passo para
ordenar o setor madeireiro que opera na região e garantir a proteção dos
territórios e povos tradicionais”, completa Tica Minami.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.