Depuração política
Por Claudio Lamachia, advogado e presidente do Conselho
Federal da OAB
A crise ética e moral que enfrentamos atualmente em nosso
país nos trouxe a uma encruzilhada. O caminho que vamos seguir daqui pra frente
determinará se chegaremos, ou não, a um lugar melhor do que o que deixamos para
trás. Em poucas palavras: ou acabamos com a corrupção, ou ela acaba com o
Brasil.
Passar o Brasil a limpo e depurar a classe política depende
de um amadurecimento urgente de cada um de nós. Não nos é mais permitido
apontar o dedo sem fazer uma análise profunda da responsabilidade que temos ao
eleger quem nos representa.
É inaceitável a postura de agentes políticos que traem seus
eleitores e é igualmente condenável que a democracia e o voto sejam tratados
com displicência. Cada um de nós é responsável pelo seu voto e pela defesa de
seus ideais. Precisamos de homens que sirvam à política e não daqueles que se
sirvam dela.
Se, a cada dia em que abrimos os jornais, ouvimos o rádio e
assistimos ao noticiário, nos incomodamos e nos revoltamos com a crise ética
sem precedentes que estamos enfrentando, não tenhamos dúvida: esta é uma
oportunidade ímpar para estabelecermos um novo padrão ético em nossa política e
sociedade.
Se, mais do que nunca, podemos dizer que sobram recursos
para a corrupção e faltam para políticas públicas básicas, como saúde,
educação, segurança e saneamento básico, é justamente neste momento que cada um
de nós deve repensar o modelo de nação que pretende e o que vem fazendo para
que ele seja possível.
O funcionamento pleno das instituições deve ser respeitado,
sem que haja qualquer tipo de interferência indevida de agentes políticos que
pretendam negar o papel institucional do Poder Judiciário e do Ministério
Público. A atuação dessas instituições deve ser desenvolvida em nome da
sociedade, para a sociedade e em respeito à sociedade, como deve ser nas
democracias.
A OAB não deixará, de maneira alguma, de lutar por um novo
patamar ético na política brasileira e cobrará do governo e do Congresso
medidas efetivas no combate ao fisiologismo e às concertações de gabinetes.
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