Lúcia Moysés*
Há adultos violentos, grosseiros, mal educados e insensíveis
que inviabilizam qualquer tipo de relacionamento afetivo feliz. Ao longo da
vida, não há quem não conheça casos de casamentos desfeitos e companheiros
magoados pela convivência com esse tipo de pessoa.
É importante saber que, na maioria das vezes, isso tem
origem na infância, quando crianças testemunham cenas negativas às quais a
família atribui pouca importância: brigas de casal marcadas por agressões
verbais e total falta de respeito; ausência de compromisso com a palavra
empenhada; mentiras ditas pelos adultos da casa, a fim de encobrir ocorrências
banais; atitudes desrespeitosas para com os mais velhos ou conversas
entremeadas de palavrões são algumas delas.
Infelizmente esse é o retrato de muitos lares, nos quais os
pais ou responsáveis parecem não dar a devida importância ao tipo de ambiência
e de exemplos oferecidos aos próprios filhos. O fato é preocupante, uma vez que
climas domésticos são portas de entrada para os espíritos. Pela lei de atração
sabemos que espíritos desajustados e de baixo padrão vibratório sentem-se
atraídos para aqueles lares onde imperam o desequilíbrio e o desamor.
Ao lado de tais atitudes dos pais, há ainda outras,
igualmente perniciosas para o desenvolvimento emocional sadio da personalidade
em formação. Exemplo: acobertar os erros dos filhos ou considerá-los como
incapazes de cometer malfeitos. Quantas vezes vêm-se educadores arrasados
depois de chamarem à escola pais de alunos extremamente indisciplinados que os
defendem como se eles fossem verdadeiros anjos, em uma completa inversão de
valores.
As consequências de se viver em ambientes onde reinam a
violência, os vícios, o desrespeito, a omissão e a conivência com o erro podem
ser muito graves, tanto do ponto de vista afetivo e social, como do espiritual.
Obsessões tenazes, não raro, têm suas origens exatamente em tais
desajustamentos.
Portanto, é um equívoco considerar como triviais e
inconsequentes as atitudes aqui citadas. Bons pais sabem que precisam preparar
seus filhos para o mundo, ajudando-os a serem pessoas socialmente ajustadas,
independentes e produtivas.
A criança tudo observa. Seu cérebro em formação capta, do
ambiente a sua volta, o material com o qual vai plasmando a sua forma de estar
e de agir no mundo. Tudo o que encontra ao nascer, e permanece ao seu redor,
assume o caráter de “coisa normal”, como os hábitos e costumes. Tais
circunstâncias são apreendidas como naturais. É essa forma de pensar que a leva
a reproduzir aquilo que observa nos adultos com os quais convive.
Há, por exemplo, pesquisas da National Drug and Alcohol
Research Centre (Centro Nacional de Pesquisa sobre Droga e Álcool), dos EUA,
que confirmam haver uma frequência elevada de jovens que começam a beber muito
cedo entre os filhos de pais que bebem quando comparada com a daqueles cujos
pais não têm esse vício. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que a criança
pequena que vê seus pais e familiares próximos bebendo passa a ver o uso do
álcool como algo natural. Consequência: será, a seu turno, bebedor precoce.
Por essa lógica, bater, mentir, trapacear, desrespeitar a
todos e a tudo é natural para quem, desde que nasceu, observou tais
comportamentos nas pessoas a sua volta.
Pela gravidade das suas consequências, entendemos que os
pais precisariam tomar mais cuidado com os exemplos que estão dando para a sua
prole, evitando todos aqueles comportamentos desequilibrados, substituindo-os
por outros mais construtivos e sadios.
É sempre oportuno lembrar de que, apesar de os filhos virem
por nosso intermédio, eles são, antes de tudo, espíritos criados por Deus e que
vêm à Terra em busca da própria iluminação.
Igualmente importante é ter a certeza de que tornar-se cego
aos comportamentos equivocados dos filhos é dificultar a sua vida em sociedade
quando adulto, além de retardar a sua marcha no caminho do bem.
Perguntas que os pais devem se fazer sempre: estou ajudando
o meu filho a cumprir aquilo que se propôs quando se preparou para sua nova
encarnação? Se ele tivesse que retornar ao Plano Espiritual ainda jovem, será
que a sua existência conosco foi proveitosa ao seu espírito? Será que se
adiantou ao nosso lado? Esperamos que as respostas sejam sempre um vigoroso
sim.
Se desejamos ver nossos filhos vivendo em um mundo mais
harmonioso e pacífico, precisamos cuidar da infância, cultivando o bem,
lançando desde cedo as sementes de paz nos campos da vida.
*Lúcia Moysés é educadora e escritora espírita
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.