Laura Gelbert Delgado, da
ONU News em Nova Iorque.
No Conselho de Segurança, o
secretário-geral da ONU, António Guterres, participou de um debate ministerial
sobre tráfico de pessoas em situações de conflito e fez um alerta.
Em inglês, o chefe da ONU
declarou que "gostaria de poder dizer que o tráfico humano é uma coisa do
passado", mas que, "infelizmente, este não é o caso".
Rede global
Guterres afirmou que as
redes de traficantes tornaram-se globais. De acordo com o Escritório das Nações
Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, vítimas podem ser encontradas em 106
países.
A Organização Internacional
do Trabalho, OIT, calcula que 21 milhões de pessoas em todo o mundo são vítimas
de trabalho forçado e exploração extrema. Estimativas são de que os lucros
anuais cheguem a US$ 150 bilhões.
Além desses números, lembrou
o secretário-geral, está o custo humano. Ele citou vidas interrompidas,
famílias e sociedades dilaceradas e grandes violações de direitos humanos e da
lei humanitária internacional.
Mulheres
Guterres ressaltou que o
tráfico humano tem muitas formas e lembrou que mulheres e meninas são alvos
recorrentes.
O chefe da ONU citou
"exploração sexual brutal", incluindo prostituição e casamentos
forçados e escravidão sexual. Ele mencionou ainda o tráfico de órgãos humanos.
Segundo o secretário-geral,
o tráfico humano prospera onde o Estado de direito é fraco ou inexistente,
destacando que situações de conflito armado são "criadouros" para a
questão.
Impunidade
Guterres chamou atenção
ainda para a questão da impunidade. De acordo com dados de 2016 do Unodc,
dificilmente há condenações por crimes relacionados ao tráfico de seres humanos
em situações de conflito ou em outros lugares.
Para o chefe da ONU, há
muito que pode ser feito tanto para punir a atividade quanto para preveni-la em
primeiro lugar.
Como o tráfico humano
"não respeita fronteira", ele defendeu que Estados-membros devem
fortalecer a cooperação na aplicação da lei, investigação e partilha de
informações.
Ao mesmo tempo, Guterres
afirmou ser preciso "chegar às vulnerabilidades que
alimentam esse
fenômeno", dando autonomia a meninas através da educação, respeitando os
direitos das minorias e criando canais legais e seguros para
migração.
Desenvolvimento Sustentável
Para ele, a Agenda 2030 de
Desenvolvimento Sustentável também pode ajudar a romper as cadeias de
exploração, lembrando que três metas abordam o tráfico humano de forma
explícita.
Guterres disse ainda que, em
um momento de divisões em tantas áreas, este deve ser uma questão de união em
torno de áreas como acusação, proteção e prevenção.
Em sua conta no Twitter, o
secretário-geral pediu ação contra o tráfico humano, o que considera "uma
terrível violação de direitos humanos"
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