Edgard Júnior, da ONU News em Nova Iorque
O alto comissário da ONU de Direitos Humanos, Zeid Al
Hussein, afirmou que o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação
Racial deve servir para lembrar a todos que é preciso fazer mais para combater
o racismo, a xenofobia, os discursos e os crimes de ódio.
A declaração foi feita em Genebra esta segunda-feira,
véspera da data, que é marcada com eventos em todo o mundo este 21 de março.
América Latina
Segundo Zeid, esse dia deve representar muito mais do que
uma "lembrança". Ele disse que as pessoas de descendência africana
continuam sendo vítimas de crimes de ódio e racismo em todos os níveis da
sociedade.
O alto comissário declarou que o antisemitismo continua
desde os Estados Unidos à Europa ao Oriente Médio e além dele. Mulheres que
usam véu para cobrir o rosto sofrem abusos verbais e até mesmo físico em vários
países.
Na América Latina, Zeid afirmou que os povos indígenas
continuam sofrendo com estigma, incluindo na própria mídia.
O chefe de direitos humanos da ONU deixou claro que os
perigos de se discriminar grupos específicos são evidentes em todo o mundo. Ele
citou que manifestações xenofóbicas e violência contra imigrantes ressurgiram
na África do Sul.
Consequências
No Sudão do Sul, a polarização entre etnias causada por
discursos de ódio levaram o país à beira de uma guerra étnica. Em Mianmar, a
comunidade muçulmana minoritária Rohingya, que sempre foi vista como
"migrantes ilegais", tem sofrido violações terríveis.
Zeid disse que "palavras de medo e repugnância"
têm consequências reais.
Estatísticas do governo britânico mostram um grande
aumento nos crimes de
ódio após o referendo sobre a saída do Reino Unido da
União Europeia, Brexit, que teve a imigração como um dos assuntos dominantes.
O FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, registrou
também um aumento desses crimes em 2015, ano em que a campanha eleitoral
americana para presidente teve como foco as supostas ameaças representadas
pelos migrantes, principalmente hispânicos e muçulmanos.
No ano passado, na Alemanha, foram registrados
aproximadamente 10 ataques por dia contra migrantes e refugiados. O resultado
representa um aumento de 42% em relação a 2015.
Respeito
Zeid afirmou que os países devem adotar leis que proíbam
expressamente os discursos de ódio, incluindo a ideia de superioridade racial.
Segundo ele, "isso não significa um ataque à
liberdade de expressão ou silenciar críticas ou ideias controversas, mas sim o
reconhecimento de que o direito à liberdade de expressão agrega
responsabilidades e deveres especiais".
O alto comissário declarou que a ONU lançou vários
projetos para combater o racismo e a xenofobia, incluindo a iniciativa
"Juntos", que promove o respeito, a segurança e a dignidade para
refugiados e migrantes.
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