Servidores têm criado listas de e-mail e grupos nas redes sociais para cobrar posição do legislativo
O prefeito Rafael Greca não terá vida fácil para aprovar
o Pacote de Maldades que enviou à Câmara Municipal no último dia 28 de março.
Os vereadores já começam a se declarar contra os Projetos de Lei que congelam
os salários e adiam a data-base para novembro, travam planos de carreira e
progressões e ainda alteram o financiamento do Instituto de Previdência
Municipal de Curitiba (IPMC), até sacando R$ 600 milhões. O pacotaço de Greca,
inclusive, toma o vale alimentação mensal de servidor que tenha faltado a um
dia de trabalho.
Os vereadores têm manifestado rejeição ao pacotaço. Eles
têm sido pressionados por servidores e pela população. O contato tem sido feito
por listas de e-mail, Facebook e até por grupos de Whatsapp. Em um desses
grupos, a vereadora Fabiane Rosa disse ser contra o ajuste fiscal que retire
direitos e que ainda afogue o diálogo. Para ela, o país atravessa um momento
econômico delicado, contudo, as medidas não podem ser direcionadas apenas aos
servidores públicos, categoria que integra.
“Nesse sentido, somo-me à esperança de milhares de servidores da educação municipal em ver seus direitos garantidos, em ver o Plano de Carreira dos Professores ser integralmente implantado, em ter a certeza de que novos professores serão contratados e que, por fim, a última parcela do Plano de Cargos seja paga”, se comprometeu Fabiane.
Caso os projetos sejam aprovados, os salários dos
servidores públicos serão sucateados.
De acordo com o Departamento
Intersindical de Estudos Econômicos e Sociais (DIEESE), a transferência da
data-base para novembro traz um prejuízo de 39% nos vencimentos dos
trabalhadores. O economista Sandro Silva ainda diz que após 20 meses, o índice
a ser reajustado é ainda maior.
“A inflação acumulada do período está em 4,69%. Agora
Greca pretende postergar em oito meses. Somando isso ao terço de férias, isso
significa uma perda equivalente a 39%. Lá na frente, a prefeitura terá que
discutir vinte meses. Nesse sentido, a inflação será maior. De acordo as
projeções do Banco Central, a inflação a mais pode ser de 2,86%, chegando em
7,58%”, alerta o economista Sandro Silva, do DIEESE.
Portanto, o risco de agravar a crise e as contas da
Prefeitura de Curitiba só aumenta ao postergar o reajuste. Para a vereadora
professora Josete, os “projetos de lei ferem de morte direitos conquistados a
partir de muita luta”. A vereadora comenta que estão sendo suspensos planos de
carreira aprovados pelos próprios vereadores.
“São ações autoritárias. Além de debater o reajuste, os
sindicatos estão apresentando suas pautas. O mínimo que se esperava é que
ocorresse o diálogo entre as comissões e o executivo para que se pudesse
analisar cada proposta e tivesse dados concretos sobre a real situação
financeira de Curitiba. Infelizmente, isso não aconteceu”, lamenta Josete.
A opinião de Josete também faz coro com outros
vereadores. O novato Goura disse que já manifestou “pessoalmente meu apoio aos
professores e professoras e coloquei o mandato à disposição para ajudar no que
for possível”. Já o vereador Felipe Braga Cortes informou que defende o plano
de carreira. “Votei nesse plano. Contem comigo’, assumiu o compromisso em um
grupo.
Vereadores contra o projeto
Vereadora Noemia Rocha
Vereadora Josete
Vereadora Fabiane Rosa
Vereador Professor Euler
Felipe Braga Cortes
Goura
Prof Silberto
Mestre Pop
Em cima do muro
O vereador Cristiano Santos também está sendo cobrado a
tomar posição contra os projetos do prefeito Rafael Greca. No entanto, ele não
assumiu posição totalmente contrária. De acordo com o vereador, “todos os
projetos serão estudados e tentarei fazer o possível para não ser a favor da
retirada de nenhum benefício conquistado”.
Carta aos vereadores
O Sismuc divulga pelo seu Facebook uma carta padrão para
ser encaminhada aos vereadores. O texto – que pode ser acessado aqui –
questiona a iniciativa do prefeito Rafael Greca de apenas fazer ajustes que
penalizam os servidores e a população mais pobre. Além disso, o sindicato se
reuniu com os vereadores na tarde do dia 29 de março.
Ao legislativo, o coordenador de Estrutura do Sismuc, o
professor de educação infantil Jonathan Faria Ramos lamentou que os sindicatos
e os servidores não tenham sido ouvidos pela Prefeitura de Curitiba antes do
protocolo das matérias. “A gente entende o momento [de crise], mas não é em
cima do trabalhador que vai resolver o problema.” Para ele, as mudanças
propostas no Instituto de Previdência do Município de Curitiba (IPMC), se
aprovadas, gerarão um “problema maior” no futuro. “Foi a mesma coisa com o
parcelamento aprovado no ano passado, que não foi cumprido”, lembrou o
dirigente.
Por Manoel Ramires
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