Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque.
Mais de 25 milhões de crianças entre seis e 15 anos de
idade estão fora das salas de aula em zonas de conflito em 22 países. O
levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, foi divulgado
esta segunda-feira.
O Sudão do Sul é o país com o índice mais alto de
crianças fora do ensino primário: 72% dos menores estão perdendo as aulas
devido à violência. Na sequência estão o Chade, com 50% e o Afeganistão, com
46%.
Níger
Esses três países têm também as taxas mais altas do mundo
de meninas fora da escola: 76% no Sudão do Sul, 55% no Afeganistão e 53% no
Chade.
O Unicef explica que no ensino secundário, as taxas mais
altas de crianças sem estudar devido aos conflitos estão no Níger (68%), Sudão
do Sul (60%) e na República Centro-Africana (55%).
Para ajudar a aumentar a conscientização sobre os
desafios enfrentados pelas crianças nas zonas de conflito, o Unicef convidou a
refugiada síria Muzoon Almellehan para viajar para o Chade.
Ativismo
A jovem tem 19 anos e segundo o Unicef, é conhecida como
a "Malala da Síria", por também defender o direito de meninas e
meninos à educação.
Em entrevista à ONU News, a síria contou que conheceu no
Chade uma adolescente de 16 anos que tinha sido sequestrada pelos terroristas
do Boko Haram na porta de sua escola na Nigéria.
A jovem foi drogada, explorada e abusada durante três
anos até conseguir fugir para o Chade. Muzoon também encontrou-se com crianças
do país africano que estavam indo para a escola pela primeira vez.
Dignidade
Segundo a agência da ONU, 4,4 mil crianças nigerianas
fugiram da violência do Boko Haram na Nigéria e buscaram refúgio no Chade.
Cerca de 90% nunca foram para a escola.
Ao Unicef, a ativista contou que "o conflito tenta
tirar a dignidade, a identidade, o orgulho e a esperança" de uma pessoa,
mas "nunca pode tirar o conhecimento".
Muzoon fugiu da Síria há quatro anos, carregando apenas
os seus livros. Buscou abrigo na Jordânia e hoje está morando no Reino Unido.
Desde 2010, menos de 2% do financiamento humanitário foi
gasto em educação e o Unicef explica que são necessários US$ 8,5 bilhões por
ano para fechar essa lacuna.
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