José Reis Chaves
O pecado é contra as leis de Deus, porém, não é Ele que
sofre com o pecado, mas a vítima e, por consequência, quem faz o pecado. É
assim na Bíblia e nas escrituras sagradas de outras religiões. “Se pecas, que
mal lhe causas tu? Se as tuas transgressões se multiplicam, que lhe fazes?” (Jó
35: 6). “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem
semear, isso também ceifara” (Gálatas 6: 7). “Como tu fizeste, assim se fará
contigo: o teu malfeito tornará sobre tua cabeça” (Obadias 1: 15).
“Aquele que escala a montanha, mais cedo ou mais tarde,
terá de descê-la. Aquele que despreza o outro, será desprezado (...). Essa é a
lei geral de causa e efeito” (Budismo: Carta de Sado). E quando dizemos que
Deus é justo, na verdade estamos nos referindo à sua lei inexorável de causa e
efeito, chamada também lei da semeadura livre, mas da consequente colheita.
E eis um exemplo bíblico de que o malfeito a uma pessoa
exige de nós a “dor” da reparação: “Se o boi chifrar um escravo ou uma escrava,
dar-se-ão trinta siclos ao senhor destes, e o boi será apedrejado” (Êxodo 21:
32). O versículo 32 citado e o 29 não citado demonstram-nos que o dono do boi,
sabendo que ele é brabo, pecou por não o prender, tendo, pois, culpa na morte
do escravo ou escrava, pelo que tinha que sofrer pela colheita da sua
“semeadura irresponsável” a sua consequência, qual seja a de pagar ou indenizar
o dono da escrava ou do escravo morto pelo boi. Isso no judaísmo se chama
“donativo expiatório”, o que, sem dúvida é correto, pois é a vítima do malfeito
que tem de receber a reparação, isso sem falar na morte dos escravos! Sim, como
já dissemos, não é Deus que sofre, mas a vítima do nosso erro ou pecado, e com
a qual tem que ser feita a reparação, reparação essa que é a colheita do que
semeamos. E não se trata, pois, de um castigo de Deus, mas do funcionamento da
lei divina de causa e efeito, a qual é manipulada por nós mesmos pelo nosso
livre-arbítrio. Aliás, a palavra castigo deriva do verbo latino “castigare”,
que significa “purificar” (ficar limpo de um pecado). Daí que a palavra
castidade deriva também da mesma raiz de “castigare”.
E na confissão católica auricular ou particular, quando o
pecado da pessoa é um prejuízo grave dado a alguém, o padre lhe dá a absolvição
somente depois da reparação do prejuízo causado à vítima de seu pecado, o que
demonstra também que, além do arrependimento, a Igreja exige igualmente do
penitente que ele quite o seu carma de “sofrimento” e faça a reparação que,
aliás, é a prova de seu verdadeiro arrependimento.
E eis um exemplo bíblico de tudo que estamos dizendo
constante do evangelho de são Mateus: “Porque o Filho do homem há de vir na
glória de seu Pai, com seus anjos, e então retribuirá cada um conforme suas
obras” (Mateus 16: 27), o que confirma também a inexorável lei de causa e
efeito, repetida também em Mateus 5: 26: Ninguém deixará de pagar todos os seus
pecados do primeiro até o último, ou seja, até o último centil. E é por isso
que existe a dádiva de Deus da reencarnação, quantas forem necessárias, pois quando
o indivíduo não puder pagar seu carma de sofrimento e a reparação com a vítima
do seu pecado, é em outra reencarnação que ele terá a sagrada oportunidade da
bênção divina de quitar seu débito cármico, depois do que poderá então passar
pela difícil porta estreita da salvação!
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