Pergentino, o jornalista que se fez PH
José Sarney
Comecei no jornal, aos dezesseis anos, ganhando um concurso
de reportagem em que concorri, com um trabalho que tinha como tema a Quinta do
Barão — ou as Laranjeiras —, que pertenceu ao comerciante maior do Maranhão,
José Gonçalves da Silva, o “Barateiro”, cuja filha casou-se com o Barão de
Bagé. Daí o nome de Quinta do Barão.
NO Imparcial ocupei todos os degraus, a começar pelo de
repórter de setor policial, em que cobri Polícia, com o fotógrafo Azoubel,
durante dois anos.
Fui secretário (nomenclatura daquele tempo), redator-chefe,
articulista, editorialista e adquiri uma paixão pelo jornalismo que guardo até
hoje. Foi o jornal que me lançou na política. Chateaubriand, quando foram
denunciar-me como um comunista que escrevia artigos violentos em seu jornal, O
Imparcial, respondeu ao Presidente da CNI, porta-voz dos meus adversários: “No
Brasil todos têm seu comunista particular. No Maranhão, meu comunista é o
Sarney.” E disse ao Saboia, nosso Diretor: “Diga ao Sarney para continuar
tocando o pau nesse pessoal.”
Quando chego ao Sistema Mirante, cumpro um impulso atávico:
vou logo e primeiro ao jornal. Sinto o cheiro da Redação e sigo direto para
onde está um grande amigo, um grande talento e um exemplar profissional, sempre
no computador, trabalhando a notícia, ou ao telefone, em busca delas:
Pergentino Holanda, cujo jornalismo, já decantado em barris de carvalho de
inteligência, completa cinquenta anos de envelhecimento e, como os vinhos (de
que ele tanto gosta), fica cada vez melhor.
O Estado do Maranhão, onde ele pontifica pelo exemplo, é
sua cara, e sua cara é o jornal, que ele trata e ama com ternura, enfeitado das
belezas das mulheres, as belas do PH, que iluminam os salões e causam a alegria
e o desejo das festas.
No princípio do século passado — abordei esse tema no
discurso com que recebi outro grande jornalista, Carlos Castello Branco, na
Academia Brasileira de Letras —, discutiu-se muito se o jornalismo era um
gênero literário. Minha conclusão é que através do jornalismo pode-se fazer
literatura. Não é o fato de ser jornalista e intelectual, mas se com o seu
texto, a maneira de abordar o assunto, o jornalista faz literatura.
Pergentino é um destes. Faz literatura, e da boa, quando
escreve. Seu texto é de um grande poeta. Escreve bem e é criativo; conseguiu
isto por meio de um setor difícil do jornalismo, a crônica social. Aí ele é
mestre, criou seu próprio estilo, de renome nacional e de lugar de mármore, com
estátua e tudo. Lutou, suou, venceu e tornou-se lenda: Pergentino é o grande
jornalista cujo monograma, PH, transformou-se em nome. O grande PH, ídolo e
grife da sociedade.
Com o jornalismo os grandes talentos fazem o melhor gênero
literário. PH, monograma! 50 anos!
José Sarney
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.