A sociedade do ressentimento
Alex Pipkin, PhD em Administração
Eu realmente tenho pensado e me debruçado sobre o nosso tempo, da sociedade do ressentimento. Uma época em que a sinalização de virtude e o sentimento de culpa pelas injustiças do passado se tornaram o novo alicerce moral das sociedades ocidentais. Não há como reinventar o mundo. Ele é como é. Negar sua natureza é adotar uma espécie de niilismo, uma negação do real que começa na infância e molda a mente de quem deveria crescer capaz e confiante.
Esse niilismo precoce domina a juventude, aprisionando-a em fantasmas da opressão e da injustiça, limitando-a a uma vida mais triste e medíocre. A sensação de que nada é superior a nada transforma-se em conformismo e ressentimento, direcionados por ideologias manipuladoras, criando uma incapacidade profunda de valorizar o que é realmente útil, belo e virtuoso. O resultado é um ciclo em que o talento e a criatividade se encontram cerceados, a curiosidade é punida, e a coragem intelectual é substituída pelo medo de pensar diferente.
Hoje, tudo que se esforça por ser útil, belo ou virtuoso encontra resistência, desacordo ou desdém, tanto porque desafia a lógica da mediocridade e da culpa, quanto porque é percebido como elitista. Glorifica-se a miséria e se enaltecem vícios, especialmente os da pobreza, enquanto se ignoram os valores virtuosos do mérito e do sucesso. Esse é o roteiro perfeito para populistas que querem manipular, manobrar e ceifar o pensamento crítico, transformando ressentimento e frustração em instrumentos de poder.
A educação segue o mesmo caminho. Sob o nobre pretexto de inclusão, rebaixa o que deveria elevar, destrói a régua que separa o útil, o belo e o virtuoso do medíocre e celebra o que é fraco ou vulgar. A arte, muitas vezes nem arte sendo, é valorizada por sua origem e não por seu mérito. O que é digno é ignorado. O grotesco é elevado a símbolo. Sob esse verniz de justiça e nobreza, a mediocridade se transforma em padrão, e a excelência é percebida como ameaça.
Fui professor universitário por mais de trinta anos. Vi jovens capazes de feitos extraordinários quando encorajados a transcender seus preconceitos, pensamentos e comportamentos atuais. Quando estimulados a pensar criticamente, a transcender os fantasmas da opressão e da injustiça, eles alcançam realizações que eles próprios duvidavam ser possíveis. A juventude não é o problema; o problema está na mediocridade de quem a conduz e na ideologia que a paralisa.
É admirável como a ignorância se tornou instrumento de governo — e ainda aplaudida por multidões. Esse projeto de poder se sustenta na exaltação da mediocridade, no triunfo do ressentimento apresentado como virtude, no niilismo transformado em programa de governo.
Em nome da justiça, sacrificamos a excelência. Em nome da inclusão, celebramos o grotesco. T. S. Eliot tinha razão: “Fazer o útil, dizer o corajoso, contemplar o belo — isso basta para a vida de um homem”.
É hora de reverter essa lógica ilógica e valorizar o que realmente importa. Será que somos capazes de fazê-lo? Em quanto tempo? Quantas gerações ainda serão condenadas a aplaudir o grotesco enquanto a excelência espera esquecida? Talvez o tempo, paciente, indiferente à ação humana, por vezes racionalmente equivocada, seja apenas uma testemunha silenciosa da nossa sociedade do ressentimento.
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