Carta Pública do Instituto Lexum (renomada organização de juristas e acadêmicos brasileiros) ao Ministro Luís Roberto Barroso:
Do Jornal Cidade Online
“Fique, Barroso. Tenha a coragem de assistir ao fim do que você começou.
De todas as estratégias possíveis, a mais covarde é a fuga disfarçada de cansaço.
A história está repleta de engenheiros de ruínas que, ao verem o castelo desmoronar, saem pela porta dos fundos, de fininho, como se nada tivessem a ver com os escombros.
Mas não, ministro Barroso — o senhor não vai sair assim.
Sabe por quê?
Porque cada rachadura no prestígio da Suprema Corte brasileira carrega sua digital.
Cada voto em que o juiz se fez legislador, cada frase em que a moral pessoal se travestiu de princípio constitucional, cada vez que a toga pesou mais do que o texto — tudo isso tem sua assinatura intelectual, moldada lá nos tempos de UERJ, quando o senhor, encantado com a living constitution, decidiu ensinar ao País que a Constituição era um romance em construção, escrito por intérpretes iluminados.
De uma linha de pensamento ativista, porém respeitável, da tradição jurídica norte-americana, passamos a conviver com um neoconstitucionalismo tupiniquim, com uma demão de verniz acadêmico, mas que bem poderia ser batizado de doutrina do ‘perdeu, Mané, não amola’.
A prometida ‘recivilização’ do País, por um autodeclarado iluminista, se concretizou em autoritarismo galopante.
Pois bem, o romance virou panfleto.
A Corte virou trincheira.
A Constituição, peça de ocasião.
E agora, quando o País finalmente percebe o que aconteceu, o senhor cogita ir embora?
Não, Barroso.
Isso não seria prudente.
Seria simbólico.
E o símbolo que se formaria seria implacável: o autor de uma doutrina que prometeu redenção, mas entregou autoritarismo revestido de empáfia, agora tenta escapar do veredito histórico.
Não como um magistrado que se despede após o serviço cumprido — mas como quem abandona o navio ao ouvir o estalo da madeira.
Roberto Campos, ao comentar a correção monetária, confessou ter criado um carneiro que virou um bode.
Ele não se esquivou.
Ele olhou para a distorção de sua ideia original e assumiu a paternidade do monstro.
Já o senhor, quer sair de cena sem sequer reconhecer que o bode constitucional que nos coube nos últimos anos tem os traços exatos do seu neoconstitucionalismo messiânico.
Portanto, ministro, fique.
Fique para ver a extensão da obra.
Fique para explicar a erosão da legitimidade.
Fique para ouvir a crítica dos que ainda acreditam que juízes devem julgar, não governar.
Fique para entender que o Supremo não é palanque nem púlpito.
Ou então saia.
Mas saiba: sua saída não será apenas uma aposentadoria precoce.
*Será uma confissão.*”
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