Parem de torturar o povo de São Luís. Repassem os pacientes dos Socorrões para o Estado
JM
Cunha Santos
A
mais recente crise nos Socorrões de São Luís, com essa eterna, incômoda e
dolorida imagem de corredores superlotados e gente berrando de dor sem
atendimento, está deixando bem clara uma insofismável verdade, a de que o
secretário de Estado da Saúde, Ricardo Murad, tem razão: o município de São Luís
não tem competência para administrar os hospitais de urgência e emergência
nessas condições; nunca teve e nunca vai ter. Falta-lhe estrutura, faltam
recursos e a insistência denota uma coisa ainda mais grave: faltam
responsabilidade e sensibilidade.
Depois
do extenuante golpe publicitário de pedir farinha de puba e peixe seco à
população para alimentar os doentes e passados mais de dois meses da
administração Holanda Júnior, nada de novo aconteceu. Os Socorrões estão muito
piores do que estavam. Os pacientes do interior do Estado estão sendo barrados
na porta e voltando para casa ou sendo submetidos à tortura de aguardar dias e
noites por um atendimento médico, sangrando nos corredores dos hospitais. E nem
adianta publicar notinhas oficiosas informando que pacientes foram transferidos
para o Hospital da Mulher. O hospital da mulher é para tratar de mulher e os
pacientes não estão grávidos. Vão trocar seis por meia dúzia. Se enchem o
Hospital da Mulher com pacientes do Socorrão, elas vão fazer pré-natal aonde? No
Hospital da Criança? Ademais, doentes precisam de um lugar fixo para o
tratamento, não podem ficar passeando de ambulância de um hospital para
outro.
O
que precisa o prefeito Edivaldo Holanda Júnior é confessar sua incompetência
para gerenciar a rede pública municipal de saúde e parar de fazer proselitismo
político com a desgraça alheia. Essa gente quebrada, acidentada, de coronárias
rompidas, ensangüentada, ferida e adoecida, da capital e do interior, não pode
ficar esperando por “ampliação do sistema de retaguarda”, se é que isso
significa alguma coisa.
A
Secretaria de Estado da Saúde mostrou, na semana que antecedeu o Ano Novo, que
pode administrar esses recursos com muito mais eficiência. Pois que transfiram
logo os pacientes (e os recursos) do interior para o Estado e parem de torturar
o povo de São Luís.
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