Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Fonte - CNBB
Oito de março, é um dia especial para a humanidade. É o dia em que os homens reverenciam as mulheres e as mulheres recordam as conquistas alcançadas e se comprometem a seguir na luta pela superação das desigualdades. O dia em que homens e mulheres se unem para renovar o sonho de uma sociedade fraterna com iguais direitos para ambos os sexos.
Muitos encontros de mulheres acontecem na região por ocasião deste dia. Os maiores são promovidos pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais. São recordadas as conquistas obtidas com a luta das mulheres, particularmente o direito de serem chamadas de “trabalhadoras rurais” e terem direito à aposentadoria aos 55 anos de idade. Outros encontros são promovidos pelos movimentos de mulheres, entidades de classe, igrejas e governos municipais. Em todos eles, basicamente, são recordadas as conquistas e apresentadas pautas de luta.
Entre as boas notícias do momento, destaca-se a preocupação das mulheres com o estudo. No perfil dos estudantes da UNISC, apresentado no final da semana passada, chama atenção o fato de 61,7% dos alunos serem do sexo feminino. O mesmo percebemos nos cursos organizados pela Diocese, onde a porcentagem de mulheres supera de longe a de homens. Não tenho certeza se nos cursos de especialização esta relação também persiste. O certo é que, no futuro, a continuar a tendência atual, as mulheres estarão melhor preparadas intelectualmente do que a maioria dos homens.
A lamentar, temos a violência doméstica e o crescente número de homicídios cometidos contra mulheres. São inúmeros os casos de homens que matam suas companheiras. Em muitos casos, posteriormente, eles também se suicidam. São atitudes injustificáveis e que só serão mudadas com a superação da consciência machista, ainda fortemente presente na sociedade. A 7ª posição que o Brasil ocupa no ranking dos países que mais homicídios cometem contra as mulheres é algo que nos envergonha.
Outra coisa a lamentar é o alto número de meninas desaparecidas. Conforme dados da Frente Parlamentar da Assembléia Legislativa, entre os quase 5 mil desaparecidos no Rio Grande do Sul em 2012, a maior porcentagem é de meninas entre 12 e 17 anos. O destino de muitas delas é a prostituição. Dar um basta a esta situação é um dos nossos grandes desafios.
Em Aparecida do Norte, os bispos da América Latina lembraram que a esperança de uma sociedade justa só logrará êxito com a criação “de estruturas justas, sem as quais não haverá ordem justa”. “Essas estruturas nascem e funcionam quando a sociedade percebe que o homem e a mulher, criados à imagem e semelhança de Deus, possuem uma dignidade inviolável, a serviço da qual terão de conceber e atuar os valores fundamentais que regem a convivência humana” (DA 537).
Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, saúdo, com muito carinho, a todas as mulheres. Desejo que as comemorações deste dia motivem a organização de uma sociedade harmoniosa, fraterna e igualitária. Que a mãe de Jesus nos inspire e acompanhe.
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