sexta-feira, 15 de março de 2013

Rebelião de detentos em Maringá

Esse é um assunto que desafia as autoridades e está acontecendo em quase todos os presídios: superlotação. Sempre há mais presos que o limite de lotação, além das condições precárias nas celas.
Ontem, no início da noite, começou um motim em Maringá. A polícia militar continua cercando o local. O Diário de Maringá divulgou uma ampla reportagem sobre a rebelião, que transcrevo abaixo:


Imagem feita pela equipe do Diário de Maringá

Presos da 9ª Subdivisão Policial (SDP) de Maringá iniciaram na noite desta quinta-feira (14) uma rebelião com um agente penitenciário como refém. O motim teve início após a conclusão de uma revista realizada à tarde e que resultou na apreensão de 34 celulares e alguns estoques (facas improvisadas). Dois aparelhos foram encontrados escondidos dentro do corpo de uma detenta, que, junto com duas colegas, recusava ser submetida a revista.
A rebelião começou por volta das 19h40, quando um grupo de presos retornou do Fórum e foi informado da revista feita nas celas. Eles renderam o agente peninteciário - identificado apenas como Charles - no momento em que eram colocados em uma das celas.

Mesmo após a apreensão de celulares, um dos presos conseguiu falar com um parente que acompanhava a movimentação da polícia. À reportagem de O Diário, foi relatado que o clima ontem à noite era de muita tensão na carceragem e que um detento havia sido baleado na perna e na barriga. Equipes do Siate foram mobilizadas para atendimento. O Corpo de Bombeiros confirmou o encaminhamento de um ferido ao Hospital Universitário (HU).
O minipresídio foi cercado por policiais civis e militares. Todo o efetivo do 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM) foi acionado, inclusive a Tropa de Choque. Os detentos ameaçam matar o refém caso a delegacia seja invadida.
Em frente ao minipresídio, familiares dos detentos aguardam apreensivos por notícias. Muitos relataram à reportagem ter sido informados pelos próprios detentos sobre a rebelião por meio de celulares.
Os rebelados pedem a presença do juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do secretário de Segurança Pública do Estado, Cid Vasques. Segundo o superintendente da 9ª SDP, investigador Aécio Silveira, os presos reclamam da superlotação e reivindicam transferências para outras unidades. A carceragem da 9ª SDP conta hoje com 348 detentos - entre os quais 43 são mulheres. No total, 16 delas já são condenadas.
Os rebelados reclamaram também da ação dos policiais da Tropa de Choque, responsáveis pela contenção dos detentos. Eles alegam ser vítimas de agressões durante as revistas. Outra reclamação são sobre supostos danos a pertences pessoais - como roupas, rádios, aparelhos de televisão e até mesmo alimentos - pelos agentes e investigadores durante a operação bate-grade.
Por volta das 23h, o delegado-chefe da 9ª SDP, Osnildo Carneiro Lemes, que está no comando das negociações com os presos, disse à reportagem ter solicitado aos rebelados uma lista de reivindicações, porém até o momento essa solicitação não havia sido atendida por não ter um comando definido entre os detentos. A polícia acredita que as negociações vão se estender até a madrugada desta sexta-feira (15).
A Polícia Civil informou já ter feito contato com os diretores da Casa de Custódia e da Penitenciária Estadual de Maringá (PEM) para negociar a transferência de parte dos detentos.

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