Dilma Rousseff iniciou seu segundo mandato trazendo nas
costas um saco cheio de maldades. Os primeiros dias do ano estão sendo marcados
pelo anúncio de medidas recessivas e, sobretudo, pelo ataque a direitos dos
trabalhadores e pela penalização dos contribuintes. 2015 promete ser duro.
As maldades começaram a vir a público aos poucos, assim que
a petista obteve sua vitória nas urnas. Paulatinamente, foram se materializando
medidas opostas às da plataforma que Dilma sustentou na campanha. Foram
sucessivos atos de estelionato eleitoral.
As tesouradas ganharam força no fim do ano passado, quando a
equipe econômica do novo mandato começou a pôr as asinhas de fora. Desde então,
se desenhou um quadro de arrocho e forte ajuste nas contas públicas – tudo o
que Dilma afirmou aos eleitores que não seria necessário fazer.
Até agora, a lista de maldades já conta com mudanças
substanciais na concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários, como
seguro-desemprego, abono salarial, pensão por morte e auxílio-doença, objeto de
duas medidas provisórias (n° 664 e 665) editadas em 30 de dezembro. Certamente
encontrarão forte resistência no Congresso.
Inclui também o corte nas despesas dos ministérios, que
objetiva economia de R$ 22,7 bilhões neste ano. Como a contradição é a
linha-mestra das ações da presidente Dilma, a pasta mais afetada pela tesoura
foi a da Educação, a mesma que inspirou o novo slogan oficial “Brasil, Pátria
Educadora”: perderá cerca de R$ 7 bilhões neste ano.
O objetivo declarado das medidas é correto: obter um
superávit fiscal maior, equivalente a 1,2% do PIB. Ocorre que o desarranjo nas
contas, a disparada da dívida pública, o baixo crescimento econômico e a
inflação resistente são consequências diretas de uma política equivocada posta
deliberadamente em marcha por Dilma em seu primeiro mandato.
Em nenhum momento até agora, porém, ouviu-se da presidente
um mea culpa pela lambança cujo custo agora é socializado com todos os
brasileiros – que também já se vêem ameaçados pelo novo ministro da Fazenda de
ter que pagar impostos ainda mais altos.
Aos poucos, políticas desastrosas vão sendo abandonadas,
como a dos “campeões nacionais” que mamaram bilhões em incentivos fiscais e não
produziram quase nada em troca. Mas ninguém do governo vem a público reconhecer
o fracasso de anos de equívocos; apenas apressam-se a empurrar a fatura para os
contribuintes pagarem.
As medidas conhecidas até agora indicam que o custo dos
desequilíbrios e da farra de experimentos econômicos malsucedidos virá na forma
de crescimento anêmico do PIB, inflação ainda muito alta e avanço do governo no
bolso e nos direitos dos cidadãos. Pode resultar só num ano difícil, mas também
corre risco de virar um quadriênio desastroso.
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