sexta-feira, 27 de março de 2015

Plataformas de gelo da Antártica estão perdendo volume rapidamente

Dados de satélite mostram encolhimento nas últimas duas décadas.
Se ritmo continuar o mesmo, placas poderiam desaparecer em 100 anos.

Agencia EFE

 Foto de arquivo mostra aeronave DC-8, da Nasa, sobrevoando a plataforma de gelo Brunt, em outubro de 2010: observações de satélite revelam declínio das plataformas de gelo da Antártica ao longo dos anos (Foto: Reuters/Michael Studinger/Nasa)
As plataformas de gelo que flutuam ao redor da Antártica estão perdendo volume cada vez mais rapidamente, alertou uma equipe de cientistas em um estudo publicado nesta quinta-feira (26) pela revista "Science".
A pesquisa, feita por especialistas de duas instituições dos Estados Unidos (a Universidade da Califórnia, em San Diego, e o Centro de Pesquisa de Terra e Espaço em Corvallis, no Oregon), ressaltou a preocupação com a rapidez com a elevação do nível global do mar à medida que o clima esquenta.
As plataformas de gelo ao redor da Antártica têm se estreitado aceleradamente nas últimas duas décadas, sobretudo no oeste do continente, mostrou o estudo, que se baseia em dados de satélite recolhidos durante 18 anos.
O manto de gelo da Antártica, a espessa camada de gelo que cobre grande parte do continente, está ancorada por sua franja flutuante, plataformas de gelo que se projetam para fora no oceano. Essas placas agem como um contraforte para o gelo "aterrado", ajudando a manter o fluxo das geleiras do manto de gelo no oceano.
Perigo de desaparecer
Se essas plataformas de gelo continuarem se estreitando a essa velocidade, poderiam desaparecer, o que faria com que as placas de gelo "aterradas" que sustentam a terra colapsassem no oceano.

As plataformas de gelo que rodeiam a Antártida ajudam a conter a libertação do manto de gelo no oceano.
Este efeito diminui quando as plataformas de gelo ficam mais finas, o que leva a um aumento da descarga de gelo no oceano.
O pesquisador Fernando Paolo e seus companheiros, que combinaram dados de três missões de satélite realizadas entre 1994 e 2012, descobriram que a maior parte da massa perdida era das plataformas de gelo dos mares de Amundsen e de Bellingshausen, no litoral oeste da Antártica.
As duas regiões representam menos de 20% do total da área de plataforma de gelo do oeste da Antártida, mas contribuem para mais de 85% do total do volume de plataforma de gelo perdido nessa zona.
Fim em 100 anos
Ao ritmo atual, duas das plataformas de gelo do litoral oeste poderiam desaparecer completamente em 100 anos, alertou a pesquisa.

O estudo também mostrou que a massa da plataforma de gelo do leste da Antártica cresceu entre 1994 e 2003, embora venha se estreitando rapidamente desde então.
Os dados em que o estudo se baseia foram recolhidos por três missões de satélites com altitudes sobrepostas (ERS1, 1992-1996; ERS2, 1995-2003; e Envisat, 2002-2012) entre 1994 e 2012.
Segundo os pesquisadores, suas conclusões demonstram que estudos anteriores sobre o afinamento das plataformas de gelo que rodeiam a Antártica, baseados em dados de satélite de cinco anos, não foram representativos de tendências mais longas. EFE

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