Acordei muito cedo e comecei lendo o artigo do Sarney.
Com mais tempo para escrever, o Sarney sonha... Escreve seus
sonhos; mas não conta a verdade por inteiro!... Tenta enganar o povo com uma
realidade que não existe, por vezes – ou quase sempre –, invocando grandiosos
escritores, poetas, jornalistas de renome.
E o Sarney, em seu artigo deste domingo, revela que
"Astolfo Serra escreveu que o mapa do Maranhão era colorido: “as terras,
de ouro; as águas de nossos rios, de diamantes”. Essa a visão dos intelectuais,
cheios de amor pelo Maranhão, construída com paixão pela cultura, lhe deu projeção
e glória. Porém, o outro lado da medalha estampava a amarga realidade do
atraso. Foi para acabar com isso que a nossa geração sonhou e juntou a cultura
ao desenvolvimento, binômio que iria fazer do Maranhão um dos estados
brasileiros de maior futuro.”
Tudo de ouro e diamante!... Que beleza, Sarney! Tuas
referências às nossas terras ricas!... Exaltaste os lindos poemas de cada
palavra do texto de Astolfo!
Que dirias hoje, tu, em tuas visões deste Maranhão pobre,
empobrecido a partir de tua posse, em 1965, como governador do Estado?
Astolfo recitou palavras que falavam da riqueza do nosso
solo, de nossos rios, de nossos mares, de nosso povo, da nossa gente...
Mas o Sarney não escreve a verdade quando afirma que “sonhou
e juntou a cultura ao desenvolvimento, binômio que iria fazer do Maranhão um
dos estados brasileiros de maior futuro.”
Oh, Sarney! Construíste, com a tua turma, um Maranhão mais
pobre, com muita gente passando fome. O teu grupo não preparou o Maranhão para
o hoje, nem para o futuro do amanhã! O Maranhão era um estado muito rico que
teu ciclo empobreceu.
O Maranhão é hoje de algumas famílias ricas e uma multidão
de pobres!
A tua excelsa inteligência e tua vasta cultura não encobrem
teus pecados nem os isentam; valem menos – e muito menos – que a grandiosa
misericórdia de Deus pelo povo pobre da nossa terra!
Citaste Astolfo Serra, mas poderias também ter regressado ao
século XVII e amparado os teus poemas
sonhadores na inteligência luminosa do padre francês Yves d'Évreux, cronista
que escreveu belas artes dos poucos anos que por cá ficou!... Para ele até o
nosso céu era mais belo e magnífico; e as estrelas da nossa terra bem mais
brilhantes do que as da França, no seu dizer!
Lágrimas poderiam existir, mas a natureza abundante, rica e
bela, as enxugava apontando para um horizonte de futuro bem melhor; tal o
tamanho da riqueza do nosso solo.
Muitos cronistas escreveram sobre o solo de Upaon-Açu.
Revelam algumas anotações de historiadores que Claude
d'Abbeville teria sido o primeiro (maior) cronista da nossa terra, notadamente
naquele período compreendido entre os
séculos XVI e XVII.
Sabes – pois és um estudioso da terra – que ele (o padre
Yves d'Évreux) conviveu naquele tempo com o também escritor (cronista) Claude d'Abbeville, e
aqui chegaram juntos, na expedição francesa numa nau comandada pelo almirante
François de Razilly. Todos falaram e escreveram sobre as coisas boas da nova
terra: o Maranhão!
Não me cabe aqui – agora – fazer outras citações nem lembrar
a fundação da cidade, arrolar um testemunho de Daniel de La Touche.
Um dia – talvez – escreverei algo com mais informações sobre
Yves d'Évreux e Claude d'Abbeville.
No entanto, para encerrar os meus contos de hoje lembro algo
que reli ontem (por coincidência ou não) com relação Yves d'Évreux, portanto,
antes de ler o artigo do Sarney.
Como estava sem nada para fazer, fui reler “França
Equinocial” do professor Mário Meireles e procedi a uma releitura do texto
cravado na página 37, onde está uma das belas revelações do padre Yves
d'Évreux, sobre o Maranhão: “o clima é são e salubre e que desperta muito
apetite..., que suas águas são incorruptíveis..., que é belo e magnífico o céu
porque nele há estrelas maiores e brilhantes e mais luzentes do que em França.”
De HS, direto da Ilha de Upaon-Açu
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