Arcebispo de Montes Claros (MG)
A curiosidade bem focalizada pode trazer resultados bons
para a pessoa, a ciência e a comunidade. Depende do como realizá-la e
utilizá-la. Há meios antiéticos para se saber o que se passa na vida dos
outros, de instituições e governos. Os paparazzi muitas vezes querem descobrir
a todo custo o que se passa na vida alheia. A liberdade de imprensa não raro
pode ferir a intimidade de pessoas com desrespeito às mesmas. Por outro lado, o
trabalho científico bem encaminhado dentro dos parâmetros morais pode trazer
descobertas de antídotos e boa promoção da saúde e da vida. As descobertas
tecnológicas ajudam o progresso quando usadas para auxiliar a boa comunicação,
o transporte, a agropecuária e outros.
Uma curiosidade bem conduzida para o autoconhecimento, bem
como o conhecimento do outro, pode ajudar a boa autoafirmação, a afetividade e
as relações humanas. É de suma importância cada um descobrir seus próprios
valores e limites, o sentido da vida com seu ideal realizador, com os
parâmetros naturais e sobrenaturais.
Após a ressurreição de Jesus houve suas aparições aos
discípulos, como os de Emaús, a Madalena, aos Apóstolos... Uma vez estes
receberam a visita de surpresa de Jesus, com a ausência de Tomé, que ficou
sabendo desse fato. Mas ele não quis acreditar e só aceitaria a verdade da
ressurreição do Senhor se colocasse o dedo nas cicatrizes de suas chagas. Jesus
não se eximiu de mostrá-las ao discípulo incrédulo numa próxima visita em que
este também estava presente. Não foi preciso colocar o dedo nos sinais das
chagas do que fora crucificado. A presença do Senhor bastou para Tomé acreditar
com a proclamação da fé: “Meu Senhor e meu Deus!” (João 220,28).
A experiência da aproximação da pessoa com Jesus exime-a de
precisar de colocar o dedo nele. A fé já é manifestação da certeza de que o
crucificado não está mais no sepulcro. Está vivo. Não é um simples fundador de
religião humano a mais. É quem tem poder sobre a vida e a morte. Podemos
segui-lo porque é o Filho de Deus. Acompanhando-o realizamos o que Ele mesmo
fez entre nós. Ensinou-nos a imitá-lo e também anunciá-lo aos outros. A certeza
da ressurreição do Divino Mestre nos entusiasma a segui-lo e apresentá-lo aos
outros com entusiasmo, encantamento, doação e audácia. Os discípulos deram a
vida por sua causa. Em conseqüência disso nos legaram a vida em fraternidade,
na promoção da justiça, da vida digna e de sentido, com os parâmetros da ética,
da moral e do trabalho pelo bem comum, com inclusão humana e social para todos.
Cada ser humano, então, é tratado como imagem e semelhança de Deus. A família é
fonte de vida, com a formação do caráter que ajude a promoção da cidadania para
todos.
Nossa fé em Jesus ressuscitado deve ser esclarecida e
madura. As dúvidas, os questionamentos e a vontade de colocar o dedo nas
cicatrizes do mistério de Deus podem nos ajudar a nos aproximar do Senhor para
fazermos nossa própria experiência de fé amadurecida, superando o simples
racionalismo e o puro emocionalismo. Estaremos prontos para mostrar a todos as
razões de nossa própria opção em seguir o Mestre, realizando e ensinando o que Ele fez e nos ensina para a promoção da
vida digna e plena para todos! Teremos um mundo mais justo e solidário.
Superaremos os egoísmos, os ódios, a corrupção e o mau exercício de cargos para
termos mais justiça e promoção do bem comum!
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