quinta-feira, 9 de abril de 2015

Vigilância Sanitária vai reforçar fiscalização de salões de beleza em Curitiba


Alicates de unha utilizados sem terem sido esterilizados, lixas reaproveitadas, material de maquiagem usado em várias pessoas diferentes sem nenhum tipo de higienização são algumas das situações a que estão sujeitos os frequentadores de salões de beleza, que muitas vezes nem desconfiam dos riscos que essas situações representam para a saúde. Para evitar problemas e a transmissão de doenças como hepatites virais, micoses, dermatites, sarna, entre outros, a Vigilância Sanitária de Curitiba vai reforçar a fiscalização nos salões de beleza a partir deste mês.
A medida visa promover a adequação dos salões de beleza, barbearias e espaços de depilação da capital paranaense à legislação estadual (RDC 700/2013, da Secretaria de Estado da Saúde) criada para diminuir a exposição dos usuários a doenças e riscos desnecessários. A coordenadora da Vigilância Sanitária de Curitiba, Giselle Kosiak Poitevin Pirih, explica que a aplicação dessa legislação vem sendo difundida e discutida entre os profissionais da Vigilância, pois existem vários perfis e tamanhos de estabelecimentos nesse segmento comercial. “Mas os cuidados que envolvem a higienização dos materiais, a utilização de materiais descartáveis sempre que possível e até mesmo o procedimento para descarte dos resíduos desses salões devem ser cumpridos para garantir a segurança dos clientes”, comenta.
Uma das medidas que será exigida é a instalação da autoclave, equipamento utilizado na esterilização dos instrumentos perfuro-cortantes, como alicates, espátulas, tesouras e outros. “Um instrumento contaminado é capaz de transmitir doenças para inúmeras outras pessoas”, ressalta.
A médica Claudia Weingaertner Palm, do Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (Nasf) do Distrito Santa Felicidade, explica que todos os materiais que entram em contato direto com o sangue – como é o caso de instrumentos cortantes, como alicates de unha, espátulas, lâminas de barbear – podem ser canais de contaminação, caso não seja corretamente esterilizados. “Objetos utilizados em uma pessoa que tenha hepatite B ou C vão contaminar outras pessoas se não passarem pelo processo de esterilização porque o vírus sobrevive no sangue deixado nesses instrumentos. No caso da manicure, o ideal seria que cada cliente levasse seu próprio kit”, alerta.
A estudante A. B, 21 anos, foi vítima da falta de esterilização de materiais de manicure. A jovem, que costuma fazer as unhas semanalmente, conta que percebeu que uma de suas unhas da mão estava esbranquiçada, mas não achou que fosse um problema grave. Tempos depois, a mancha na unha só aumentava e ela precisou procurar um dermatologista, que diagnosticou a micose. Tomou medicamento via oral por cerca de quatro meses e ainda passou a usar um esmalte medicamentoso para recuperar a estrutura da unha e eliminar o fungo. “Foi um tratamento caro e prolongado, mas ainda bem que tinha cura. O médico me explicou que poderia ter contaminado outras unhas e hoje eu percebo o risco a que estamos expostos. Agora, sempre que vou ao salão de beleza, levo meus próprios acessórios. Podia ter sido algo ainda pior”, destaca.
A psicóloga Mariana Garcez, de 42 anos, diz ser bastante exigente na seleção desse tipo de serviço. Ela frequenta o mesmo salão há 30 anos e se sente segura porque, além de confiar nos profissionais, conhece os procedimentos de higiene e esterilização de materiais usados no local. “Vejo a higiene e sinto segurança nesse salão”, comenta a psicóloga.
Verônica Bioeu, gerente operacional de um salão do Batel, afirma trabalhar em parceria com a equipe da Vigilância Sanitária da Matriz, responsável pelas inspeções de rotina no salão. As exigências vão desde a carteirinha de vacina atualizada a cada dois anos, até a abertura correta dos materiais descartáveis e esterilizados utilizados pelas manicures.
O técnico José Henrique Vacilotto, da Vigilância Sanitária da Matriz, explica que, em geral, os profissionais dos salões de beleza procuram se ajustar às exigências e orientações feitas pela equipe da Vigilância. “Nosso trabalho é nos bastidores do estabelecimento, mas reflete em todo o ambiente. As pessoas estão cada vez mais conscientes e exigentes sobre a qualidade dos serviços prestados nos salões de beleza. Além de um bom resultado final, elas querem segurança”, enfatiza.

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