A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu a condenação do ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados e ex-secretário de Comunicação do PT, André Vargas, por corrupção, lavagem de dinheiro e comando de organização criminosa.
Vargas será o
primeiro réu do núcleo político a ser julgado por suspeita de propinas envolvendo
contratos da área de publicidade em órgãos federais.
Em alegações
finais no processo criminal contra Vargas, os procuradores da Lava Jato pediram
ainda o bloqueio de R$ 1.103.950,12 e pagamento de igual valor a título de
reparação de danos causados.
Além de
Vargas, seu irmão Leon e o publicitário Ricardo Hoffmann são acusados pelo
pagamento e recebimento de R$ 2 milhões em propina no âmbito de um contrato de
publicidade da agência Borghi Lowe com a Caixa Econômica Federal (CEF) e o
Ministério da Saúde.
"Como
representante do povo e do próprio Congresso Nacional, André Vargas tinha o
dever de promover a defesa do interesse público e da soberania nacional;
exercer o mandato com dignidade e respeito à coisa pública e à vontade popular,
agindo com boa-fé, zelo e probidade; respeitar e cumprir a Constituição
Federal, as leis e as normas internas da casa e do Congresso Nacional. Não
obstante, André Vargas simplesmente desprezou o total apoio conferido por seus
eleitores, vindo a influenciar na tomada de decisões da administração pública
em seu benefício próprio", assinala o Ministério Público Federal.
"Ora, é
sabido que André Vargas possui uma extensa carreira política,
assumindo
cargos políticos como os de vereador, deputado estadual e deputado federal.
Neste último cargo, e durante a maior parte do iter criminis (caminho do crime)
imputado na denúncia, André Vargas ocupou a cadeira de vice-presidente da
Câmara dos Deputados, um dos cargos mais importantes da República".
"Os
motivos dos crimes devem ser valorados negativamente em relação ao acusado
André Vargas, uma vez que, valendo-se da sua condição de deputado federal,
almejou obter lucro fácil as custas da administração pública, utilizando o
prestígio do cargo que ocupava", sustentam os nove procuradores da Lava
Jato que subscrevem alegações finais no processo conduzido pelo juiz federal
Sérgio Moro, de Curitiba.
As penas
pedidas a Vargas foram majoradas não só por envolveram agente público no
exercício da função, mas também por estarem relacionadas a organização
criminosa.
Segundo a Lava
Jato, PT, PMDB e PP em conluio com as maiores empreiteiras do País fraudaram
contratos na Petrobras, elevando seus custos em até 20%, e pagando propinas de
até 3% para partidos e políticos. A Polícia Federal aponta prejuízo de mais de
R$ 20 bilhões - R$ 6,2 bilhões já reconhecidos em balanço pela Petrobras.
O mesmo
esquema montado na estatal petrolífera teria sido sistematizado a partir de
2004 em outras áreas do governo, como o setor de publicidade e energia
elétrica.
Em depoimento
à Polícia Federal, o publicitário Ricardo Hoffman afirmou que a empresa Borghi
Lowe articulou o repasse de comissões de 10% nos contratos de publicidade da
Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde para as empresas do
ex-deputado do PT André Vargas em troca da promessa do parlamentar de conseguir
novos clientes para a agência no Estado do Paraná. A promessa, contudo, nunca
foi cumprida.
Duas empresas
de fachada do ex-deputado petista - preso em abril pela 11ª fase da Operação
Lava Jato, batizada de A Origem - receberiam sem contratação formal repasses de
10% de produtoras que fizeram campanhas publicitárias da Caixa e do Ministério
da Saúde via Borghi Lowe, entre 2011 e 2014.
A LSI Solução
e a Limiar Assessoria e Consultoria em Comunicação seriam indicadas para as
produtoras para que recebessem parte dos bônus que deveriam ser devolvidos para
a agência contratada dos órgãos governamentais - uma forma de ocultar propina.
"Deve
incidir para todos os acusados a majorante prevista no parágrafo 4.º do artigo
1.º da Lei 9.613/98, uma vez que todos os acusados cometeram o crime de lavagem
de dinheiro de forma reiterada e habitual, bem como por intermédio da
organização criminosa que agia no seio e em desfavor da Caixa Econômica Federal
e do Ministério da Saúde", alegam os procuradores.
Eles destacam
que "André Vargas comandou o núcleo da organização nos atos praticados em
face da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde".
Segundo os
procuradores, a organização supostamente dirigida por Vargas "mantinha
conexão com outras organizações, especialmente com a de Alberto Youssef
(doleiro da Lava Jato)".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.