Este país - o nosso país - está assim: dominado pela corrupção...Nessas viagens de denúncias, a gente ler que são mais de 60 políticos envolvidos na Lava Jato, no cinismo da roubalheira. Nomes que agente jamais imaginaria, na história dessa lama, aparecem como parte da bandalheira!... Tem senadores e deputados!
E o Cunha (Eduardo Cunha), presidente da Câmara... "que negou... negou...negou... jurou... jurou"... fez parte em um voo da propina...
Leia abaixo, o que saiu hoje, na Agência O Globo, e tudo dos últimos acontecimentos envolvendo o Cunha:
Cunha viajou com doleiro em voo da propina
Da Agência O Globo
RIO — As revelações da Operação Lava-Jato enterram de vez as
tentativas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de se
desvincular do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, uma sombra na trajetória do
parlamentar desde 2005. De acordo com o delator Júlio Camargo, consultor da
empreiteira asiática Toyo Setal, Funaro foi um dos passageiros, no ano passado,
de voos em táxi aéreo faturados como parte do pagamento de propina a Eduardo
Cunha. Num dos voos, no dia 3 de agosto, Funaro e Cunha viajaram juntos.
Em esquema semelhante ao utilizado contra a Samsung,
fornecedora de navios-sonda à Petrobras, Cunha teria usado requerimentos
assinados pela então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), na Câmara, para
pressionar a Schahin Engenharia a pagar uma dívida cobrada por Funaro.
Investigados pela Procuradoria-Geral da República, os
voos-propina teriam sido pagos por Júlio Camargo, delator do esquema de
corrupção na estatal, para saldar uma dívida residual de R$ 500 mil, a que o
deputado julgava ter direito por conta de variação cambial do suborno. Deste
total, R$ 200 mil teriam sido quitados em dinheiro e R$ 300 mil em créditos em
voos de táxi aéreo.
De acordo com as investigações, Cunha só usou R$ 122.245 da
quota em três viagens. Na primeira, dia 29 de agosto do ano passado, ao custo
de R$ 44.200, Funaro e Raquel Aldejante Pitta viajaram no jatinho PP MIS, da
Global Taxi Aéreo, nos trechos Congonhas/Salvador/São João da Boa
Vista/Viracopos. Na segunda, Cunha e Funaro voaram juntos, no jato PR JET, da
Reali Taxi Aéreo, dia 3 de setembro, por R$ 38.220, nos trechos
Congonhas/Brasília/Aeroporto de Jacarepaguá/Congonhas. Os horários das
decolagens sugerem que Furano se encontrou com Cunha em Brasília e, depois,
eles voltaram juntos a partir da capital.
OPERADOR A BORDO
A terceira viagem, dia 9 de setembro, transportou no PR JET,
por R$ 39.825, Cunha e o assessor Altair Alves Pinto nos trechos Congonhas/Rio
de Janeiro/Brasília. Altair aparece na delação premiada de Fernando Falcão
Soares como o operador que teria recebido propina em nome de Cunha. Camargo
autorizou que a Global Táxi Aéreo faturasse os voos solicitados, mas os
investigadores suspeitam que o deputado não tenha usado toda a quota por causa
do avanço na Lava-Jato.
A relação entre Cunha e Funaro é publica desde 2005, quando
o doleiro teve de explicar à CPI dos Correios as razões que o levaram a pagar,
mensalmente, aluguel de R$ 2.200 e condomínio de mais de R$ 600 para o deputado
no flat Blue Tree Towers, em Brasília. Uma corretora do doleiro teria lucrado
milhões com operações no Fundo Prece, dos funcionários da Companhia Estadual de
Água e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae), na época em que o deputado tinha forte
influência política na empresa.
Mais tarde, Cunha e Funaro apareceram novamente vinculados a
negócios suspeitos em Furnas Centrais Elétricas. Em dezembro de 2007, a
estatal, então influenciada pelo PMDB de Cunha no Rio, abriu mão de adquirir um
lote de ações para comprá-lo, oito meses depois, por R$ 73 milhões a mais, da
Companhia Energética Serra da Carioca II, do grupo Gallway, empresa sediada nas
Ilhas Virgens, conhecido paraíso fiscal, e que tinha Funaro como representante
no Brasil.
Schahin pressionada
A parceria mais recente entre a dupla envolve a ex-deputada
federal Solange Almeida, hoje prefeita de Rio Bonito (RJ). Aliada do presidente
da Câmara, ela foi a autora do requerimento de informações que cobrou
explicações da Schahin Engenharia, uma das empresas acusadas de integrar o
cartel que agia na Petrobras, a respeito do rompimento da barragem de uma
pequena hidrelétrica em Rondônia, em 2008.
O objetivo era convocar representantes das empresas
envolvidas no projeto a prestar esclarecimentos à Comissão de Seguridade Social
e Família da Câmara “sobre os prejuízos causados pela interrupção do
empreendimento”. Entre os chamados estava Milton Schahin, presidente da
empreiteira — a mesma empresa foi citada por um dos delatores do esquema
Lava-Jato, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco.
O acidente na usina aconteceu em 9 de janeiro de 2008. Na
época, o prejuízo estimado em mais de R$ 60 milhões motivou uma briga judicial
entre o grupo privado Centrais Elétricas Belém (Cebel) e a Schahin, responsável
pela construção da pequena central hidrelétrica (PCH) de Apertadinho, em
Vilhena (RO), para decidir quem ficava com o prejuízo.
Houve danos ambientais e a retirada preventiva de ao menos
200 famílias de suas casas. Dois aliados de Cunha eram ligados à Cebel: Lúcio
Funaro e Lutero de Castro Cardoso, respectivamente representante comercial e
diretor do grupo Gallway, holding da Cebel. Ex-funcionário da antiga Telerj,
Lutero foi indicado por Cunha para a presidência da Cedae.
Solange fizera o mesmo por Cunha no escândalo da Lava-Jato.
Em seu depoimento de delação premiada, Youssef afirmou que Cunha era um dos
beneficiários das propinas do esquema na Petrobras. O doleiro citou mais
especificamente um contrato de aluguel de um navio-plataforma das empresas
Samsung e Mitsui, que teria Júlio Camargo como representante no Brasil.
Propina interrompida
Os dois requerimentos da Comissão de Fiscalização e Controle
da Câmara mostram que, conforme disse Youssef, Solange fez pressão pública
sobre a Samsung e sobre Camargo. O motivo, segundo o depoimento, seria uma
suposta interrupção no repasse de propinas para o partido.
Os requerimentos serviriam para pressionar as empresas a
retomarem o pagamento das comissões ilegais.
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