Centro Espírita sem espíritos não é centro espírita. Mas qual foi o primeiro centro espírita do mundo?...
Aliás, como está o intercâmbio mediúnico nas Casas
Espíritas, nos dias de hoje, aqui no Brasil?...
Ler e ouvir apenas a história não faz o espírita. O espírita
precisa pesquisar e estudar o espiritismo em toda sua dimensão científica,
filosófica e moral..., e conhecer a história.
Observações! Eis uma questão. É na observação que se inicia
a pesquisa em qualquer campo do conhecimento... A história também não fica de
fora... A história é um marco que te abre um leque de conhecimentos...
Mas - de verdade - quantos espíritas estão motivados para o
estudo desta ciência da história envolvendo os chamados fenômenos, motivos de
grandes pesquisas?
Leio no artigo de Marcus De Mario que a Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas - lá do século XIX - tinha por fim o estudo de todos os
fenômenos relativos às manifestações espíritas e sua aplicação às ciências
morais, físicas, históricas e psicológicas.
Não vou aqui ficar enrolando os leitores do blog com as
linguiças do meu pouco saber; por isso, passo a vocês o artigo, abaixo,
informando as razões da criação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, tema muito bem explicado pelo escritor espírita Marcus De Mario... Leiam:
O PRIMEIRO CENTRO ESPÍRITA DO MUNDO
Marcus De Mario
Com o lançamento de O Livro dos Espíritos, em abril de 1857,
e a reunião paulatina dos adeptos da doutrina espírita, Allan Kardec observou
que o trabalho de pesquisa, estudo e divulgação requeria a aglutinação de
esforços, a centralização de atividades, pois o Espiritismo não era obra dele,
e sim dos Espíritos, através do intercâmbio mediúnico, com a contribuição dos
homens. Foi assim que cresceu a ideia, certamente inspirada pelos benfeitores
espirituais, da criação de uma sociedade espírita.
Sabedor que o fenômeno espírita requer, para atingir bons
objetivos, a concentração, a seriedade, o estudo, a observação atenta, logo o
Codificador percebeu que não poderia continuar frequentando reuniões mediúnicas
aqui e ali, havendo necessidade de um local próprio, que recebesse a devida
preparação espiritual, na comunhão de pensamentos elevados e sinceridade de
propósitos ligados ao bem. Durante um ano Kardec amadureceu a ideia, conversou
com os companheiros adeptos da doutrina, até que tudo fosse organizado e
passado para o papel.
Foi assim que, no dia 1º de abril de 1858, Allan Kardec
inaugura em Paris, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o primeiro
centro espírita do mundo.
O próprio Allan Kardec, no final da edição de maio de 1858
da Revista Espírita explica a criação da Sociedade:
“A extensão, por assim dizer, universal que tomam, cada dia, as crenças espíritas, fazem
desejar vivamente a criação de um centro regular de observações; essa lacuna
vem de ser preenchida. A Sociedade, da qual estamos felizes por anunciar a
formação, composta exclusivamente de pessoas sérias, isentas de prevenção, e
animadas do desejo sincero de se esclarecerem, contou, desde o início, entre
seus partidários, homens eminentes pelo saber e posição social. Ela está
chamada, disso estamos convencidos, a prestar incontáveis serviços para a
constatação da verdade. Seu regulamento orgânico lhe assegura homogeneidade sem
a qual não há vitalidade possível; está baseada na experiência de homens e de
coisas, e sobre o conhecimento das condições necessárias às observações que
fazem o objeto de suas pesquisas. Os estrangeiros que se interessam pela
Doutrina Espírita encontrarão, assim, vindo a Paris, um centro ao qual poderão
se dirigir para se informarem, e onde poderão comunicar suas próprias observações”.
As reuniões em seu primeiro ano de funcionamento, eram
realizadas às sextas-feiras, na Rua de Valois, 35, Palais-Royal, em Paris.
A partir de 20 de abril de 1960, a Sociedade ficou
definitivamente instalada num imóvel alugado na Rua Sainte-Anne, 59, para onde
também foi transferida a redação da Revista Espírita.
Periodicamente Kardec publicava relatório sobre as
atividades da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sendo que em abril de
1862 ela tinha 87 associados pagantes, recebendo, em média, 1.500 visitantes
por ano.
Em 1861, quando da publicação de O Livro dos Médiuns, e com
o intuito de entregar aos espíritas um roteiro de como constituir um Centro
Espírita, ele publica no capítulo 30 o Estatuto da Sociedade, que revela a
preocupação do Codificador em manter uma estrutura enxuta e calcada nos sérios
objetivos do Espiritismo, como podemos observar no seu artigo 1º:
“A Sociedade tem por fim o estudo de todos os fenômenos
relativos às manifestações espíritas e sua aplicação às ciências morais,
físicas, históricas e psicológicas. As questões de política, de controvérsia
religiosa e de economia social lhe são interditas. Ela toma por nome: Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas”.
Estudar os fenômenos para conhecer-lhes as causas, e aplicar
esse conhecimento em todas as ciências, para que estas possam transcender o
viver material e alcançar o verdadeiro sentido da vida, eis o objetivo maior de
qualquer centro espírita.
Naturalmente, como qualquer obra humana, a Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, mesmo tendo em sua direção o espírito
iluminado de Allan Kardec, passou por dificuldades, não apenas financeiras,
como doutrinárias, lembrando que o Espiritismo estava em formação, mas
igualmente de relacionamento entre seus membros, mas tudo sempre foi superado
com o uso da fraternidade e a atuação firme do Codificador.
Conhecer a história e os objetivos da Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas, o primeiro centro espírita organizado, é muito importante
para qualquer espírita, mas principalmente para os dirigentes espíritas, quando
poderão avaliar os rumos do Centro Espírita que dirigem, que deve ser legítimo
representante do Espiritismo.
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