Abrir a porta da fé aos pagãos foi a grande missão dos apóstolos, para tornar as pessoas de nova conduta na prática do amor (Cf. Atos 14,27).
Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano
de Montes Claros
Vivemos momentos conturbados na ordem política, econômica e
social no mundo e no Brasil. As guerras são sempre maquinadas por países,
grupos e pessoas com ideologia de destruição. Usa-se muito dinheiro para se
fabricarem armas, que são vendidas para outros se destruírem. As conseqüências
são danosas para grandes parcelas. Em geral grandes países produzem armas para
fazerem destruições em outros, ganhando muito com isso. Até religiões são
usadas para se matar em nome de Deus!
Após a ressurreição de Jesus e o Pentecostes os apóstolos começaram
a espalhar para muitos lugares a verdade de Jesus e seus ensinamentos, para se
estabelecer o seu Reino, com a nova mentalidade e a prática da ética, da
justiça, da misericórdia e do amor. Isso vai exigir dos discípulos o
enfrentamento de sacrifícios e empecilhos de toda ordem (Cf. Atos 14,22). Não
mais se deve matar, injustiçar e vingar. Os valores do Evangelho são para
construir pontes de entendimento, fraternidade e usar dos meios humanos e divinos, para se promover o bem individual e
comum. A vida do planeta, da dignidade de cada ser criado, a partir do humano,
tem que se promover. Afinal, a liberdade só se implanta com a obediência ao
projeto do Criador, superando-se o egocentrismo destruidor do convívio
fraterno.
Abrir a porta da fé aos pagãos foi a grande missão dos
apóstolos, para tornar as pessoas de nova conduta na prática do amor (Cf. Atos
14,27). Só assim se estabelece a nova terra.
O evangelista João lembra que o primeiro céu e a primeira
terra já passaram (Cf. Apocalipse 21, 1). A relação inicial do humano com o
divino, bem como a convivência dos humanos entre si, deteriorados com o pecado
e o orgulho humano, já se tornaram passados. Deus fez com que a nova relação de
amor, com a vinda do Filho de Deus, faz acontecer algo extraordinariamente novo
conosco. Ele muda o rumo da história. Uma nova sociedade é possível. Mas é
preciso o ser humano aderir à sua Boa-Nova. Então haverá real justiça
misericordiosa e não a justiça humana simplesmente retributiva, em que se dá o
que o outro merece ou até se tira do que merece. Quem se abre à ação da
salvação agradece o perdão de Deus e dos outros, bem como sabe também perdoar,
ser misericordioso e amar.
A Igreja instituída por Cristo torna-se a nova servidora da
humanidade, levando a todos o conhecimento e aceitação do Filho de Deus e
colocando em prática a vida na verdade, na solidariedade, na promoção de cada
pessoa humana como filha de Deus: “Esta é a morada de Deus entre os homens...
Eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles” (Apocalipse 21,3).
Teremos um convívio de armistício e entendimento entre as nações. A vida, a
partir da humana, é respeitada e promovida em todas as suas etapas. Ninguém
mais é excluído de um convívio sadio e fraterno. A família bem preparada e
formadora dos filhos torna-se protagonista da transformação social. A juventude
viverá em busca do ideal de servir, desenvolvendo seus talentos para tornar o
mundo mais humano. A política se tornará melhor instrumento da promoção do bem
de todos os cidadãos, a partir dos mais empobrecidos.
O enfoque do mais novo mandamento de Jesus será melhor
conhecido, assumido e ensinado, ajudando a ser formar o novo convívio de
pessoas que se ajudam mutuamente. Assim haverá o bem do grande barco da
história em que todos sejam contemplados em sua dignidade: “Eu vos dou um novo
mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (João 13,34).
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