Carla Simões e Raymond Colitt
20/05/2016
(Bloomberg) -- A economia está em pior situação do que
imaginava antes de assumir o Ministério da Fazenda, há uma semana, disse
Henrique Meirelles, em entrevista à agência de notícias Bloomberg.
"Eu encontro nos números uma situação pior do que
esperava", disse ele em seu gabinete em Brasília, referindo-se em grande
parte ao Orçamento federal.
Contudo, o governo interino liderado por Michel Temer está
em melhor posição para conseguir a aprovação de medidas econômicas no Congresso
do que o de Dilma Rousseff, disse Meirelles, acrescentando que os brasileiros
atualmente estão mais conscientes de que será preciso fazer sacrifícios para o
crescimento retornar.
"O governo mudou, assim como a disposição do Congresso
e mesmo a capacidade de negociação do próprio governo", disse ele.
Meirelles, 70, disse em várias oportunidades que o reforço
das contas públicas e a contenção do aumento da dívida pública são prioritários
para reconstruir a confiança na economia, golpeada pela recessão.
Previdência e dívida dos Estados
Sua equipe econômica está elaborando uma proposta de reforma
da Previdência e um membro do governo disse no início desta semana que negócios
estatais poderão ser vendidos para levantar recursos.
O gabinete de Temer também está tentando renegociar as
dívidas dos estados antes de o Supremo Tribunal Federal se posicionar a
respeito.
Uma decisão judicial para que os estados paguem juros
simples em vez de compostos privaria o governo federal de um total estimado em
R$ 402 bilhões (US$ 113 bilhões) em receitas, segundo algumas estimativas.
Governo interino
Michel Temer foi empossado como presidente interino do
Brasil na semana passada, depois que o Senado afastou Dilma Rousseff
temporariamente do cargo para submetê-la a um julgamento de impeachment.
Ele incumbiu Henrique Meirelles, o ex-presidente do Banco
Central conhecido por ter domado a inflação, de recolocar nos trilhos uma
economia que perdeu seu status de grau de investimento no ano passado em meio a
um déficit orçamentário recorde.
A equipe de Meirelles anunciará sua meta orçamentária para
2016 na segunda-feira e a expectativa é que mostre déficit primário em vez do
superávit buscado pelo governo anterior.
O senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado, disse
na quinta-feira que o déficit está em torno de R$ 200 bilhões. O governo aposta
que o Congresso agirá rapidamente sobre suas propostas se compreender a
verdadeira dimensão do rombo orçamentário.
"A população tem expectativa de resultado, não há
dúvida", disse Meirelles.
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