Certa vez escrevi um artigo sobre a Princesa Isabel no
Portal do jornalista Mhario Lincoln (não lembro o ano). Comentei com Mhario fatos a respeito do período do Segundo Reinado e
conversamos muito sobre a Princesa Isabel que foi a primeira mulher a governar
o Brasil por três vezes quando das viagens de seu pai, o imperador Pedro II, tendo
ela exercido o poder, nos momentos em que foi convocada, com muita dignidade e
honradez...
Cheguei agora (17 horas deste dia 16/05/2016) ao
apartamento, depois de uma caminhada pelos parques de Curitiba, e, em abrindo
as portas da internet, li, com muita alegria e emoção, o belo artigo de Dom Gil
Antônio Moreira, Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, que transcrevo
abaixo:
Princesa Isabel, a Libertadora dos Escravos
É preciso recordar que o ideal de libertação da
escravatura era um ideal de seu pai, Pedro II, que se destaca na história por
uma personalidade nobre, culta e de profundo senso humanitário.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora - MG
No dia 13 de maio o povo brasileiro celebra uma das
decisões mais importantes de sua história: a assinatura da Lei Áurea, pela
Princesa Isabel. A figura desta monarca se traduz para todos os brasileiros com
simpatia e gratidão. Foi ela a primeira mulher a exercer o poder de governo em
nosso País, marcando nossa história com fatos e decisões de enorme significação
humanitária e política. A Princesa Isabel esteve no comando geral da nação
brasileira por três vezes, sempre pelo motivo de viagens de seu pai, o
Imperador Pedro II. Ao menos em duas, ela pôde por em prática seu caráter
decisório e seu espírito cristão em favor da libertação dos escravos. A
primeira foi em 1871, quando promulgou a Lei do Ventre Livre, no dia 28 de
setembro do referido ano, decretando que todos os filhos de escravas daquela
data em diante, seriam livres e não poderiam mais ser tratados como cativos. A
segunda foi justamente a 13 de maio de 1888, ocasião em que assinou a famosa
Lei Áurea, que com único artigo, elimina para sempre o a escravidão legal no
Brasil.
É preciso recordar que o ideal de libertação da
escravatura era um ideal de seu pai, Pedro II, que se destaca na história por
uma personalidade nobre, culta e de profundo senso humanitário. Pode-se afirmar
que a Casa Imperial brasileira se preocupou, desde o princípio, com a situação
escravocrata, pois, já em 23 de novembro de 1826, nos primeiros anos da independência
do Brasil, realizava-se a convenção que decidia pela proibição do tráfico de
escravos, ainda que por pressão do Reino Inglês. Tal decisão teve efeito
prático a partir de 1850, quando a tráfico negreiro foi definitivamente
proibido.
Porém, nem sempre os poderes estabelecidos sejam em
regimes monárquicos, republicanos ou quaisquer outros são livres para
executarem seus propósitos, por causa da pressão social. No caso, na sociedade
eminentemente agrícola do Brasil novecentista, não interessava aos fazendeiros
qualquer modificação neste sistema produtivo. Neste sentido, a partir destas
aspirações do Império, é que surgiu o movimento republicano, inicialmente
adepto do sistema escravagista. Quando, a 28 de setembro de 1885, foi
promulgada a Lei do Sexagenário, os ânimos opositores ao Império, e em
particular contra Pedro II e a Princesa Isabel se acirraram até o momento da
proclamação da República, a 15 de novembro de 1899, que para os monarquistas,
considerada um golpe militar. Somente a partir da Lei Áurea os republicamos
aderiram à ideia da abolição.
A Princesa Isabel nasceu a 29 de julho de 1846, filha de
Dom Pedro II, que à época contava apenas com 21 anos de idade, e a Imperatriz
Dona Teresa Cristina de Bourbon, italiana das Duas Sicilias, dada em casamento
ao príncipe brasileiro. Viveu no Brasil
até seus 45 anos de idade, casada com o Conde D’Eu, e depois que a família
imperial foi extraditada, passou seus restantes 31 anos na França, vindo a
falecer a 14 de novembro de 1921. Seus restos mortais hoje se encontram na
Catedral de Petrópolis, ao lado dos túmulos de seus pais, Dom Pedro II e Dona
Teresa Cristina, e ainda de seu esposo, o Conde D’Eu.
A Princesa Isabel goza de fama de santidade, por causa de
sua alma totalmente caridosa, sobretudo com os negros, pobres e desvalidos,
além de sua vida de piedade de muita oração e busca das virtudes. Tinha a
prática sacramental exemplar, com confissões e comunhões frequentes, cuidava de
não praticar a vaidade nem mesmo no vestir, pois costumava usar roupas simples
para uma princesa, apenas utilizando certos vestidos solenes para ocasiões
oficiais. Manteve respeitosa e bonita correspondência com os Papas Leão XIII e
Pio X, entre as quais encontram-se cartas em que sugere aos Sucessores de Pedro
a promulgação do Dogma da Assunção de Maria, só declarado em 1950, pelo Papa
Pio XII. Tendo encontrado problemas para engravidar-se, fez pedidos insistentes
a Deus por intercessão de Santa Isabel da Hungria, e fez construir em
Caxambu-MG uma Igreja dedicada a esta devoção. Depois de onze anos de casada
teve seu primeiro filho e depois Deus lhe deu ainda mais quatro. Em 1904,
ofereceu a Nossa Senhora Aparecida a primeira coroa feita com suas jóias
pessoais.
Um grupo de fieis, conhecedores de sua vida reta e
virtuosa, pediu à Igreja a abertura do processo de sua beatificação o que foi
aceito pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.
O Brasil deve a esta sua importante personalidade
histórica destaque e honra, pois trata-se de um exemplo de mulher e de ilibada
atuação política.
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