DANIELA LIMA
DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a
solicitar uma ação de busca e apreensão no Senado para coletar dados para o
inquérito que apura a acusação de que o atual presidente nacional do PSDB,
senador Aécio Neves (MG), atuou para "maquiar" dados da CPI dos
Correios, em 2005.
A medida, no entanto, foi abortada depois que o Senado
garantiu que daria acesso irrestrito aos documentos.
A suspeita sobre Aécio foi levada à PGR pelo ex-senador
Delcídio do Amaral, delator da Operação Lava Jato.
Ele afirma que Aécio teria atrasado o envio de dados do
Banco Rural à CPI para poder "apagar dados bancários comprometedores"
e evitar que a apuração sobre fraudes na instituição levasse a nomes do PSDB.
O pedido da PGR foi feito em uma ação cautelar sigilosa, em
maio. A iniciativa foi tomada depois que o jornal "O Globo" divulgou
que documentos da CPI haviam sido deslocados do arquivo do Senado para outro
setor da Casa a pedido de Aécio.
O inquérito sobre o tucano está sob os cuidados do ministro
do STF Gilmar Mendes, que chegou a autorizar o pedido, fazendo ressalvas de que
a ação fosse discreta e acompanhada por um oficial de justiça do Supremo.
A operação só não ocorreu porque o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), emitiu nota para rebater a versão de que os
documentos da CPI teriam sido alvo de manipulação indevida e encaminhou ao
Supremo petição dizendo que os documentos eram públicos e estavam à disposição
da Justiça.
Na nota, publicada ainda em maio, Renan afirmou que Aécio
solicitou dados sobre o andamento da CPI oficialmente, via Lei de Acesso à
Informação e que, por isso, autorizou que 46 caixas fossem deslocadas ao único
setor formalmente autorizado a efetuar a pesquisa no Senado.
A pesquisa pedida por Aécio resultou num relatório que foi
divulgado pelo próprio senador para contestar as acusações de Delcídio. Ainda
em maio, o PSDB afirmou que o tucano jamais tratou com o ex-senador de assuntos
referente à CPI.
"É fácil demonstrar que Delcídio do Amaral não está
falando a verdade. Ele diz que foi a Minas tratar com o então governador Aécio
de assunto referente à CPI. É mentira. O relatório final da CPI data de abril
de 2006 e a viagem de Delcídio a Minas ocorreu dois meses depois, no dia 7 de
junho de 2006", diz a nota emitida pelo partido.
OUTRO LADO
Em nota, nesta sexta-feira (3), o gabinete de Aécio disse
que considerou a decisão do ministro "adequada, pois contribui para
garantir transparência ao processo".
"A solicitação do senador Aécio Neves ao Senado seguiu
estritamente a legislação vigente, que permite que qualquer cidadão peça
pesquisa de documentos oficiais, o que foi feito pelo setor competente do
Senado, como atesta documento oficial".
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