Dom José Alberto Moura
Arcebispo
Metropolitano de Montes Claros
Deus advertiu Moisés sobre a corrupção do povo a quem Ele
tinha feito muitos prodígios para ajudá-lo a conquistar a terra prometida. De
fato, o povo estava adorando bezerro de ouro no lugar do verdadeiro Deus (Cf.
Êxodo 32,7-14). Mas, ao invés de castigar os judeus, o Senhor perdoou seu pecado
a pedido daquele patriarca.
Quanta corrupção em nossa sociedade! Até parece um tecido
social apodrecido! É possível mudar isso? Felizmente temos os intercessores e
pessoas de bem que ainda temem a Deus e têm força para mudar, contando com a
ação divina através deles. Precisamos estimular todas as forças vivas da
sociedade para isso, a começar da educação em família, formando o caráter das
pessoas desde o nascimento, para a vida com valores humanos, éticos e cristãos.
A formação para a alteridade é fundamental. Aí vão se respeitar a vida, a
verdade, o bem, a justiça, a honestidade, o bem comum e a relativização do ter
em vista do ser.
O Apóstolo Paulo se coloca como exemplo para todos,
devido à misericórdia de Deus para com Ele (Cf. 1 Timóteo 1,16). Oxalá haja
também conversão de todos os que lesam o povo, principalmente os pobres, devido
à sua conduta desonesta na política, na
economia e em tantas outras instituições. Enquanto isso não acontece de forma
abrangente, os que são lesados precisam usar seu potencial de força
transformadora através do voto, da pressão popular, da fé comprometida com a
transformação social, embasada na Palavra de Deus, na oração e na doutrina da
Igreja. A fé deve transformar a polis, a política, para que ela seja, com os bons
políticos e o povo consciente, um real e
bom serviço ao bem comum.
Nas parábolas da ovelha perdida e do filho pródigo o
Mestre ensina sobre a misericórdia divina em relação aos perdidos e de desvio
de conduta (Cf. Lucas 15,1-32). Ele quer o bem de todos e dá o perdão a quem
quer voltar. Ele insufla os que não o querem para reverem sua posição. Ele
condena o pecado, mas quer o bem do pecador. Jesus não compactua com o erro e o
desvio de conduta. Insiste para não pecarmos, pois, é um mal para nós mesmos e
a sociedade. Confia aos discípulos a missão de também irem e ensinarem aos que
estão afastados de seu caminho para se converterem. Felizes os que ouvem esses
discípulos e voltam para o bom caminho. Além de fazerem o bem para si mesmos,
contribuem para uma convivência de justiça e harmonia. Deste modo, todos terão
vida digna. Não faltará o pão para o alimento material e espiritual. Todos se
envolverão para tornar o convívio de inclusão na vida realmente humana e
cidadã.
Muitos não têm consciência de seu erro. Por isso,
precisam ser admoestados, como Paulo o foi por Jesus. A admoestação deve ser
feita, sem dúvida, por Deus, que o faz também através de quem, por causa dele,
se preocupa com o bem dos errados e de toda a sociedade. A admoestação se faz
através do voto, da pressão popular, do processo legal, do aconselhamento...
Não podemos nos omitir ou lavar as mãos. Temos que, juntos e individualmente,
procurar meios para isso.
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