Carlos Chagas
A candidatura do Lula em 2018 está posta, ancorada na
tentativa de ressurreição do PT. A leitura que fica da decisão dos companheiros
seria cômica se não fosse trágica: não há mais ninguém. Em tantos anos de
experiência, o partido não criou sucedâneos para seu fundador. Quem achou que
era Dilma quebrou a cara, bem antes, até, de seu afastamento. Nem nos governos
estaduais nem no Congresso apareceu um substituto. Sequer nos meios sindicais.
Indaga-se a razão desse engessamento e a resposta só pode
ser uma: porque o Lula não deixou. De tal
maneira ocupou espaços e reivindicou todos os comandos que agora ficou
sozinho. Quando escolheu Dilma para sucedê-lo, todo mundo aceitou. Não havia
alternativa. Bem que ele tentou voltar em 2014, mas Madame não deixou.
Imaginou-se rainha da Cocada Preta e exigiu disputar o segundo mandato. Parece
que fez até pressão para constranger o antecessor, ameaçando divulgar episódios
de sua vida privada. Deu no que deu, com o esfacelamento do PT.
Hoje, para tentar recuperar o tempo perdido, voltam-se
mais uma vez os companheiros para o Lula, pelo mesmo motivo de sempre: não há
outro.
Condições, ele possui, mesmo submetido a virulenta
campanha de descrédito, em boa parte liderada pelos que tremem de medo de sua
volta. Vão tentar desmoralizá-lo e até mobilizar o Judiciário, pelo simples
motivo de não haver adversário.
Se chamado a escolher um candidato, mesmo disposto a
encontrá-lo, não conseguirá. Terminará olhando-se no espelho e concluindo ser
ele mesmo, caso o PT se disponha a lutar pelo poder. Ainda que a contragosto, a
maioria das forças populares ficará com ele, apesar dos desmandos e do caos
deixado por Dilma.
Resta saber se, entrado nos setenta anos, terá saúde e
disposição para enfrentar uma campanha. E apoio parlamentar suficiente para
evitar a arapuca onde caiu sua malograda criação.
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