Hélcio Silva
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A EDUCAÇÃO BRASILEIRA?
Não adiante governos e ministros dizerem apenas que o
quadro é vergonhoso. O atual ministro da Educação lamenta a nota vermelha
divulgada pelo Ideb. Disse à Veja que “É vergonhoso”...
No Brasil, busca-se Ministro para a Educação nos acordos
políticos, sem levar em consideração a competência do escolhido, nem o
compromisso do nomeado com o futuro da Nação através da Educação.
Estou vendo nesse período eleitoral desta disputa pelas
prefeituras que os candidatos não estão levando ao palco dos debates este tão
importante tema: Educação... Não discutem com profundidade a importância da
Educação no processo de transformação.
O Brasil precisa mudar! Não haverá mudança se a Educação
não for a base da mudança...
Li nesta manhã uma entrevista com do atual Ministro da
Educação, que é filiado ao DEM e foi para o ministério pelo acerto de um acordo
político entre o DEM e o presidente da República... Isso é vergonhoso.
Transcrevo abaixo o teor da entrevista que o ministro deu à Revista Veja:
“É vergonhoso”, diz ministro da Educação sobre o Ideb
Há quatro meses na cadeira de ministro da Educação, o
pernambucano José Mendonça Bezerra Filho, 50 anos, cumpriu nesta quinta-feira a
via- crúcis de seus antecessores: vir a público anunciar outra nota vermelha
para o ensino básico. A divulgação do Ideb, o termômetro oficial daqualidade na
sala de aula, mediu a evolução em escolas públicas e particulares entre 2013 e
2015 – ou a involução, no caso do ensino médio. Deputado federal licenciado
pelo DEM, Mendoncinha contou a VEJA o que pretende fazer em sua gestão para reverter
a curva.
O que pensou quando viu o monte de notas vermelhas do Ideb?
Frustração e vergonha. É claro que um país com essa
defasagem não conseguirá dar um salto.
Muita gente celebrou os avanços nas primeiras séries do
ciclo fundamental. O senhor não?
Não. Com esse desastre, não há o que comemorar mesmo.
Por que a educação brasileira não sai do buraco?
Na última década, as iniciativas foram mais focadas no
lado midiático e em políticas pulverizadas, que atiraram para todos os lados.
Sobrou marketing e faltou transformação social para valer.
Mas o PT criou diversos programas voltados para os mais
pobres, como o Fies e o Prouni.
Esses programas serão preservados, mas olhe o Ciência sem
Fronteiras, que enviou jovens universitários ao exterior, uma das bandeiras
petistas: dragou 3 bilhões de reais para atender 35 000 alunos — o mesmo
dinheiro que custa todo o programa de merenda escolar, que chega a 39 milhões
de estudantes. Os grandes números demolem a ideia de que o foco petista foi nos
mais pobres.
A que números o senhor se refere?
Enquanto o ensino superior recebeu 30 bilhões de reais
dos cofres federais, o básico ficou com um terço disso. Faltou atenção às escolas
públicas.
Também faltou dinheiro?
Mais dinheiro sempre ajuda, mas o maior problema é usá-lo
de forma apropriada. O Ideb mostra que, infelizmente, isso não vinha
acontecendo.
O que pretende mudar para livrar o Brasil do fracasso
escolar?
Um ponto estratégico é transformar o ensino médio, hoje
engessado e ineficiente. Ele precisa ser mais flexível e atraente para o aluno.
Há chances políticas de um plano como esse, que fere
tantas corporações, passar no Congresso?
Acredito nisso e estou trabalhando por isso.
O Enem acompanhará essas mudanças?
Nesta edição fica tudo igual. Mas haverá mudanças no
Enem, que serão consequência da transformação do próprio ensino médio.
Muitas escolas e até redes de ensino não levam o Ideb em
consideração. Será que agora servirá de alerta?
Acho que a educação está virando um tema para os
brasileiros, que já fazem pressão por avanços. Espero que entre de uma vez por
todas na agenda dos futuros prefeitos.
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