Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
O texto bíblico fala que o rei Salomão reconheceu sua
pequenez diante de Deus e lhe pediu sabedoria para governar seu povo com
justiça. Não pediu prosperidade e riqueza material. Solicitou coração
compreensivo, para saber distinguir o que bem ou o contrário e ajudar sua gente
(Cf. 1 Reis 3,5-12). De fato, Deus o elogiou porque ele não pediu nada para seu
benefício pessoal e sim tudo para ajudá-lo a servir da melhor maneira os
compatriotas.
Como é bom ver pessoas que têm a visão do serviço ao bem
comum. Em todas as áreas há quem faça isso, inclusive na política. Mas
infelizmente nem sempre isso acontece. Se todos realmente exercessem seus
cargos para o benefício da comunidade e da sociedade, teríamos mais justiça,
inclusão social, promoção da vida e da dignidade humana. Por isso, precisamos
formar mais e melhor as pessoas em seu caráter, para perceberem que sua grandeza e seu valor não
estão no buscar lícita e ilicitamente o ganho material ou outras comodidades e
sim no dar de si pelo bem dos outros. Deste modo, teremos uma sociedade mais
feliz e cheia da paz!
A prática dos valores éticos e morais vale muito mais do
que o ganho material e de grandeza orgulhosa que sobrepujem o interesse e benefício comum. Então a justiça se fará
com pessoas de real sabedoria, que provém de quem realmente está ligado ao
projeto do Criador. A prosperidade é um benefício para todos quando as pessoas
de liderança a promovem com sabedoria. A injustiça advém de quem não exerce
cargos de liderança com real serviço ao semelhante.
Quem serve o próximo, mesmo com sacrifício de si,
superando a desonestidade e o orgulho pessoal, é recompensado já na terra,
pelos que são beneficiados com sua ação e que dirá por Deus?! O apóstolo Paulo
diz que “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8, 28). Ao
contrário, quem só busca a própria satisfação agindo ilicitamente não terá grande mérito pelo que
é e faz. No futuro poderá olhar para traz e contemplar sua carreira sem mérito.
Quem faz tudo por amor Àquele que dá sabedoria de servir com amor e desinteressadamente,
dorme com a consciência tranquila e sem medo dos lava-jatos da vida. Sabe que
receberá de Deus e da sociedade os aplausos e a felicidade de usar a existência
para a prática do bem e da solidariedade!
No evangelho Jesus compara a felicidade imorredoura como
um tesouro escondido, achado por que compra um terreno onde ele está. Sua
riqueza se torna grande (Mateus 13,44). Se alguém, de fato, sabe o valor do
tesouro do amor divino, buscado na ação de servir o semelhante, não troca tal
valor por outro muito fugaz e de pequena valia. Para isso, é preciso ter a
convicção de conhecer e buscar o que traz recompensa e realização no entesourar
o que é duradouro e nenhum ladrão possa roubar. Trata-se de adquirir a
sabedoria da promoção da justiça e da misericórdia. Isso é humano e divino. É
próprio de quem recebe e usa a sabedoria como Salomão! Quem é sábio é justo e
quem é justo é sábio!
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