Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo Metropolitano de Uberaba – MG
A atual Constituição Federal, de 1988, no seu quinto
artigo, diz: “Todos são iguais perante a lei...”. O Evangelho de Jesus destaca
o maior dos Mandamentos: “Amar a Deus e amar o próximo” (Mt 22,37-39). Mesmo
sob o conjunto das normas aplicadas em categorias sociais diferentes, o amor é
a lei maior, que deve superar as diversas realidades, que compõem a estrutura
de uma sociedade.
As categorias não deveriam ter atitudes de contraposição.
Para os seguidores de Jesus Cristo, o mandamento maior do amor os leva à
prática evangélica. Quem ama a Deus, por consequência, deveria amar também o
próximo, mesmo que ele seja de outra categoria. Na pessoa existe a estrutura
humana como sustentáculo da existência. Internamente está presente a força da
ação de Deus.
Em Jesus Cristo, o amor ao próximo foi na medida do amor
do Pai do céu pelos seus filhos. Um amor de doação total, com requinte de morte
na cruz. Foi uma prática diferente do que acontece hoje. Temos mortes provocadas
com requintes de crueldade, de atitudes totalmente contra os indicativos do
Evangelho. O sentido da vida humana, e divina, fica totalmente desrespeitado.
O amar a Deus e ao próximo, mesmo em categorias
diferentes, não depende de quanto fazemos para Deus ou para o próximo, mas a
forma como a pessoa se comporta nas suas intenções. Os frutos devem ser
expressão da vontade de querer fazer e realizar concretamente o bem. Quem ama o
próximo dentro desse contexto, automaticamente estará amando a Deus.
Há uma expressão, fundamental para identificar a vida das
pessoas, que diz mais ou menos assim: ‘Não se deve fazer a outrem o que não é
desejado para si mesmo’ (cf. Ex 22,20). O formato disso deve chegar ao coração
de todas as pessoas, seja a qual categoria humana pertença. Tudo depende da
sensibilidade interior, onde reina a força sagrada da consciência de cada
indivíduo.
O próximo, aquele que Jesus fala, não é apenas o mais
necessitado, o carente e marginalizado, mas a pessoa humana com quem existe
convivência. O amor verdadeiro se expressa no relacionamento e na superação dos
reais obstáculos da convivência, mesmo que sejam mínimos. É dentro disso que a
vida passa a ter sentido e é assumida com uma alegria totalmente contagiante.
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