Itair Ferreira
Toda vez que conseguimos neutralizar algum desequilíbrio
nas entranhas da alma, adquirimos mérito. “Há virtude sempre que há resistência
voluntária ao arrastamento dos maus pendores”, disseram as entidades sublimadas
ao insigne Allan Kardec. (1)
Quantas
nódoas transportamos no subconsciente, oriundas do nosso passado espiritual, e
que precisamos eliminar, pois constituem obstáculos, impedindo-nos a marcha em
direção à felicidade, para a qual todos fomos criados.
Praticando o
perdão, a tolerância para com as imperfeições dos outros, a renúncia,
utilizando o esforço e a vontade, conseguiremos eliminar as amarguras
“inexplicáveis”, os pesares, os sentimentos de frustração que nos arrebatam
para os “pontos mortos” do sentimento, construídos pela nossa invigilância no
trato com o nosso semelhante.
Jesus, o
divino modelo, asseverou: “Entra em acordo sem demora com o teu adversário,
enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao
juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão”. (2)
Nosso
adversário maior, a que o Mestre se refere, é o nosso verdadeiro eu,
transcendental, onde construímos o céu, estacionamos no purgatório ou nos
precipitamos aos abismos infernais, por meio da escolha que fazemos todo o
tempo, num dia de vinte e quatro horas, definindo nossa atitude.
As leis de
atração e repulsão funcionam de acordo com a nossa escolha, consciente ou
inconscientemente. A lei de atração significa semelhante atraindo semelhante.
Nossos pensamentos, nossos sentimentos e nossa conduta atraem, de forma igual,
os mesmos valores para a nossa vida.
Quando nos
sentimos ofendidos por algo que não sabemos definir se é a presença de alguém
que nos incomoda ou se alguma palavra solta nos atingiu, é o “ponto morto” da
alma que entra em ebulição, reclamando equilíbrio em busca da paciência e da
tolerância. É o momento do treino. As virtudes somente crescerão com o devido
treino. Somente nos educando seremos educados. Saber é fazer.
Na rua, nos estabelecimentos públicos ou
privados, no trabalho, na família, nos círculos da fé, onde quer que estejamos,
somos instigados a suprimir o “ponto morto” em favor de nós mesmos nas estradas
de ascensão, buscando educar os nossos sentimentos.
Esses
“pontos mortos” da alma, construídos por nossas atitudes, em vivências
multimilenares, encontram-se em nossa memória ancestral, no perispírito, o
corpo espiritual da alma. Manifestam-se os “pontos mortos” como recalques,
traumas de experiências frustradas, aflições, mágoas e desesperos,
transferindo-se para a memória cerebral, no arcabouço físico, nas regiões do
encéfalo, hoje mapeadas pela neurociência, como o hipocampo, o tálamo, as
amígdalas e algumas áreas do córtex.
Dr. Martin Seligman, professor da Universidade da
Pensilvânia, nos EUA, um dos fundadores do novo ramo da Psicologia Positiva,
juntamente com seus discípulos, em vez de centrarem seus estudos nos
transtornos mentais, como o faz a psicologia tradicional, pesquisam, como alvo
de prioridade, as emoções positivas, as motivações e as qualidades intrínsecas
que levam as pessoas a ter mais felicidade, e afirmam: “A felicidade pode ser
alcançada com mudança de atitude. Para serem mais felizes, as pessoas precisam
criar um ambiente de crescimento no qual se considerem úteis e sintam que estão
aprendendo. Esse é um grande propulsor da felicidade”.
Se há doença, é porque existem doentes. A causa é intima,
está sempre em nós. Em vista disso, esses grandes cientistas buscam a educação
dos valores morais da criatura humana, nesse período de transição da
humanidade.
Além do Dr. Seligman, Tal Ben Shahar criou, na Harvard
University, EUA, uma cátedra chamada cadeira da Felicidade, e o Dr. Frederick
Luskin, doutor em Aconselhamento Clínico e Psicologia da Saúde, num projeto na
Universidade Stanford, na mesma visão positiva, nomeou a cadeira em que se
tornou diretor como Cátedra do Perdão e, logo a seguir, escreveu um livro, que
se tornou best-seller: O Poder do Perdão, mostrando aos milhares de participantes
que se inscrevem no curso e aos milhares de leitores que o perdão é uma lei da
natureza que saneia os pântanos profundos do porão da individualidade,
clareando a mente para a visão positiva da vida.
“Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se
tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder”. (3)
Portanto, estejamos vigilantes na era do sentimento, que
nos preparará para o mundo de regeneração. Vamos controlar a impulsividade que
nos acomete na vida de relação, lutando contra os “pontos mortos” da alma,
treinando os valores morais que possuímos em estado latente, como afirmou
Jesus, em referência aos Salmos: “Sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo”.
(4)
Muita paz!
Notas bibliográficas:
1 – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 893,
Feb.
2 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Mateus,
5: 25
3 – O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Parte 3ª,
capítulo X, questão 845– Feb.
4 – A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Salmos,
82:6
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