(07 / 12 / 2017)
Acordo com a zoada do dia, uma manhã de muita zoada...
Ouço, de novo, em mais uma novamente vez, o discurso de
Tiririca...
Leia a escritora Laura que escreve suas crônicas para o Jornal "O Tempo" de lá das Minas Gerais...
Lembro-me do meu primeiro vira-lata: o lambe-cinza... Eu
tinha só nove anos... Já escrevi uma crônica sobre ele...
Todo branquinho, ele era um vira-lata de verdade... Puro sangue de vira-lata!
Este relacionamento de amizade e amor entre nós e os
animais vem de muito longe... E hoje, em belo texto, se estampa na crônica de
Laura Medioli, que transcrevo abaixo:
Os bichos agradecem
Tive o privilégio de crescer numa casa onde os animais
faziam parte do meu mundo, e a convivência com eles me fez não somente
entendê-los, mas, acima de tudo, admirá-los com suas peculiaridades, enxergar
neles uma beleza alimentada pelo amor e pelo instinto.
Quem tem um cão a seu lado, por exemplo, sabe que esse
amor, que nada exige em troca, adoraria ter de você atenção e carinho, mas, se
estes não vierem como gostaria, não tem problema, ele te amará do mesmo jeito.
Ao chegar em casa, é aquela explosão de felicidade, com os rabos abanando,
pulos, latidos, lambidas, todas as formas que encontram para demonstrar a
alegria, apenas por você ter voltado.
E, quando adoecemos, quase adoecem juntos. Lembro-me da
última vez em que estive mal, com febre e uma indisposição terrível, e as três
cadelas de casa se recusavam a sair do meu quarto. Permaneciam quietinhas, sem
fazer a confusão que normalmente fazem quando estão juntas.
Vlora, minha mais querida pit-lata, olhava-me com uma
expressão triste como se sentisse a minha dor. E, como se não bastasse, de
madrugada, acordo com um movimento no travesseiro do meu marido, que viajava.
Sonolenta pelos medicamentos, percebo que o movimento era dela, que, no
decorrer da noite, preocupada, veio deitar-se ao meu lado, enquanto as outras
duas, aos pés da cama, não arredavam as patas. Um amor que tão logo me curou.
Enquanto escrevo, elas estão aqui, deitadas no chão,
cansadas da farra que há pouco fizeram no gramado. Tento descobrir qual delas
foi a responsável pela enorme cratera no jardim. Levanto a voz, e apenas uma,
Vlora, coloca o rabo entre as pernas e se afasta. Claro, a atitude suspeita
denuncia o seu erro.
Abandonada numa rodovia, ainda filhote, Vlora foi
recolhida por um amigo que, pela internet, se prontificou a ajudá-la. Minha
filha, ao ver aquele olhar carente na tela de seu computador, não teve dúvidas:
correu para adotá-la.
Quando ela chegou em casa, apresentando-me sua nova
cachorrinha, me assustei, principalmente após os veterinários constatarem o que
eu já desconfiava: a filhote era uma mistura de vira-lata com pit-bull. Como
grande parte da população desinformada, eu também tinha um preconceito em
relação à raça e fui me inteirar sobre ela. Descobri feras terríveis, criadas a
ferro e fogo, treinadas para atacar, ganhar concursos em rinhas e morrer em
lutas absurdas e covardes. Mas descobri também cães de estimação, dóceis,
brincalhões e carinhosos com as crianças, quando criados em ambientes
saudáveis, plenos de cuidados e afeto. Li que vários trabalharam como cães de
resgate no 11 de Setembro e que em todo o mundo colaboram com a polícia, ajudam
na terapia com crianças, idosos e doentes em hospitais e abrigos. Assim como
fez minha pit-lata ao deitar-se ao meu lado, numa madrugada febril.
Minha amiga diz que a Vlora, assim como a Pretinha,
ganhou na loteria ao ir para minha casa, onde são praticamente “donas do
pedaço”.
Ambas tiveram essa chance, mas muitos outros cães,
infelizmente, não têm a mesma sorte de encontrar um bom lar, alimentando-se de
ração e de carinho. E nem sempre é preciso ração, basta um pouco de atenção,
para torná-los felizes. Como aquele vira-lata magricelo que, deitado na calçada
com seu dono, um andarilho de roupas esfarrapadas, fez festa ao vê-lo
acordando. O mendigo e seu vira-lata: uma cena que me deixou emocionada. Um
cão, quando amado, é o ser mais grato e fiel que existe.
E foi pensando nos cães que não tiveram esses privilégios
que eu e o cronista Fernando Fabbrini decidimos lançar o livro “Só de Bicho”,
hoje em sua segunda edição.
A ideia inicialmente estava focada nos cães, mas
decidimos estender a todos os bichos, sejam moluscos, anfíbios, aves, répteis,
mamíferos, enfim, uma fauna inteira com histórias divertidas e comoventes, a
maior parte delas verídica. A renda do livro é destinada a entidades civis
voluntárias protetoras dos animais de rua, que cuidam e promovem castrações,
além de encaminhá-los para adoções. Entidades criadas por pessoas que
verdadeiramente os respeitam.
A Cão Viver, Rockbicho e Sociedade Protetora dos Animais
de Betim são algumas dessas entidades, às quais destinamos essa doação com muita
satisfação. E, para os leitores que quiserem nos ajudar a ajudá-las, o livro
“Só de Bicho” está disponível nas Drogarias Araujo, nas Livrarias Leitura e no
pet shop Animalle –parceiros nessa empreitada. E agora também nas clínicas
veterinárias e lojas Vetmaster e Pegada Pet, na região da Pampulha.
Trata-se de um livro de crônicas divertido, um ótimo e
acessível presente de Natal, em que estão reunidas dezenas de histórias já
publicadas em jornais e sites, tendo como protagonistas os animais: engraçados,
comoventes, malucos, simpáticos e, como diz Fabbrini, às vezes tão humanos como
nós.
Gostaria de agradecer aos leitores que puderem se juntar
a nós, colaborando com essa causa. Os nossos amigos, cães e gatos de rua,
agradecem.
O livro “Só de Bicho” pode ser adquirido pelo valor de R$
30 nas Drogarias Araujo, nas Livrarias Leitura, nos pet shops Animalle, Pegada
Pet, Vetmaster, nas lojas do Super Notícia e no setor de atendimento ao
assinante, pelo telefone (31) 2101-3838. E, claro, nas ONGs Cão Viver, Rockbicho
e Sociedade Protetora dos Animais de Betim. O Natal está aí, e este é um bom
presente, principalmente para os animais que serão assistidos.
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