Dias antes do início da Semana Santa, vários historiadores
e teólogos apresentaram nesta semana uma nova teoria que questiona o lugar em
que acredita-se que aconteceu o julgamento de Jesus por Pôncio Pilatos e
sugerem o palácio do rei Herodes como uma localização possível.
O denominado hoje Museu da Torre de Davi, adjacente à
muralha ocidental da velha cidadela em Jerusalém, abriga muros do tempo do rei
Ezequias e do período otomano, e também o que são considerados os alicerces do
palácio do rei Herodes, onde historiadores e teólogos acreditam que poderia ter
acontecido o julgamento de Jesus.
"Temos evidências circunstanciais, um testemunho de
outros julgamentos que aconteceram nesse mesmo lugar, três referências ao
palácio no Novo Testamento em conexão com o julgamento de Jesus, e agora o
próprio palácio", explicou à Agência Efe o historiador israelense Shahar
Shilo.
Há aproximadamente duas décadas, no ano de 1999,
arqueólogos dirigidos por Amit Reem, da Autoridade de Antiguidades de Israel,
iniciaram no Museu da Torre de Davi uma escavação no edifício Kishle ('prisão'
em turco) que encontrou os alicerces do palácio.
Dois anos depois, os arqueólogos descobriram as ruínas
dessa magnífica estrutura, misturadas por camadas de história que lembram que
ali também existiram um muro de fortificação da época do rei Ezequias, outro do
período otomano, e inclusive, uma prisão durante o mandato britânico.
"Agora que sabemos que o palácio está aqui, a pergunta
é a seguinte: Se o imperador de Roma chega na Páscoa a Jerusalém, onde ele
passaria a noite? É certo que lhe ofereceriam uma suíte presidencial, o que
equivaleria ao palácio do rei", acrescentou Shilo.
Em relação às referências bíblicas, o historiador lembra
que os Evangelhos de "João 19, Marcos 15 e Lucas 23" sugerem que o
julgamento de Jesus de Nazaré aconteceu perto de um palácio.
"Deveríamos repensar o lugar do julgamento. Uma vez
que libertam Barrabás como presente de Páscoa, está escrito em Marcos 15 que
Pilatos se virou e retornou ao palácio", uma referência que também está
presente em outras duas Escrituras Sagradas.
A base histórica parte dos textos do historiador
judeu-romano Flávio Josefo (século I) que incluem referências a Jesus e às
origens do cristianismo.
"Josefo menciona outros julgamentos anteriores
realizados em frente ao palácio de Herodes por outros imperadores
romanos", acrescentou Shilo, "por isso nos baseamos na combinação de
arqueologia, documentos históricos e literatura das Escrituras Sagradas".
"Trata-se de uma possibilidade e, como historiador, eu
apoio que o palácio do rei Herodes é o lugar autêntico do julgamento de Jesus,
que acreditamos que aconteceu historicamente, creia você ou não na
Bíblia", concluiu o arqueólogo.
A recente teoria sobre o lugar histórico do Pretório - a
residência dos governadores romanos - põe em dúvida o dogma cristão e ortodoxo
que estabelece a antiga Fortaleza Antônia como o lugar do julgamento; apesar
de, em suas origens, "nenhum caminho partir dali para o monte
Gólgota", onde Jesus foi crucificado.
Há 600 anos os franciscanos popularizaram esse lugar como
ponto de partida da Via Dolorosa moderna, que percorre as 14 estações da
via-crúcis de acordo com a tradição cristã.
A cada dia, centenas de peregrinos percorrem as vielas de
pedra seguindo os pontos que marcam a Paixão de Cristo, orando em cada parada
e, em algumas ocasiões, carregando uma cruz de madeira em lembrança ao
sofrimento de Jesus.
Nos dias anteriores à Semana Santa, milhares de peregrinos
vão a Jerusalém para lembrar a morte e a ressurreição de Cristo e participam
dos atos e cerimônias para a ocasião, que começam com a procissão de Domingo de
Ramos descendo do Monte das Oliveiras.
Patricia Martínez.
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