ENTRE O REAL E O SONHO
Ela anda pelas calçadas centenárias
devagar, lentamente, admirando os detalhes que tem cada
prédio, cada canto, cada pedaço que lhe rodeia.
Ela sente no ar um quê de solidão, de saudade
É um sentimento que penetra pelos poros, se faz sentir
em seu olhar carregado de devaneio...
Ela anda pelas ruas e parece fora do tempo, está longe do
agora...
Há um quê de sonho...
Aqueles paredões de pedras, os mirantes, os nomes de ruas,
as escadarias, os becos e o ar de passado tão presente...
A língua que ela fala para si mesmo, em brincadeira, tem
sotaque carregado do português falado em sua terra de origem, Portugal...
Ah "última flor do lácio", como és bela! Pensa em
seu sonho que vê bem perto de si o poeta Camões...
Ela vai seguindo...
Rua do Sol, Praça João Lisboa, Rua de Nazaré, passando pela
Praça Benedito Leite, indo, indo, passando pelo Palácio dos
Leões, chegando a Beira -Mar, Praia Grande, voltando pela Rua de Portugal,
entrando e saindo por aquelas ruas onde o passado parece tão presente que não
se sabe se estamos neste século ou em trezentos ou mesmo quatrocentos anos
antes...
Ela ama esta cidade, não se pode negar...
Ela, se pudesse, se transportaria para o passado, e tentaria
conhecer o Daniel de La Touche, mas também amaria ver e falar com Alexandre de
Moura... Iria ver com certeza e adorar, os índios daquela época.
Ela continua andando, devagar, seu olhar cheio de luz do
que passou...
O sol a pino, bate em seu rosto e ela se vê no tempo
presente, mas o ar impregnado de saudades do que ela não viveu mas tão real
como se a cidade lhe tivesse passado toda a sua história como sendo seu...
(10/06/2017)
Raimunda Lucinda Martins
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