Hélcio Silva
(17 /07 / 2018)
Podem dizer que sou maluco, que a idade me fez um doido
maluco! Que lembro coisas que não são mais para lembrar...
Mas uma verdade é certa, é verdadeira: estão matando nossa
cidade. Há anos os nossos políticos, que têm poder, não cuidam da cidade. Eles
abandonaram a exuberante riqueza da terra e a destruíram, porque nunca seguiram
pela razão de um plano diretor eficiente focado na preservação do meio
ambiente. A nossa robusta riqueza ambiental sumiu, nossos rios morreram ou estão
morrendo.
Ouço um canto para Oxum:
Eu vi mamãe Oxum na cachoeira / Sentada na beira do rio / Colhendo
lírio lirulê / Colhendo lírio lirulá / Colhendo lírio pra enfeitar o seu gongá...
Mas mamãe Oxum não canta mais aqui. Aqui não tem mais rio
pra mamãe Oxum colher seu lírio... Os rios daqui estão morrendo ou já
morreram...
Lembrei do bem-te-vi! Não é deste que ainda canta e encanta
as manhãs da cidade!
Lembrei do Bentivi sem o tracinho - João Melo e Sousa Bentivi –
também cantor, músico, médico, jornalista, escritor e advogado – meu amigo.
Dr. Bentivi foi presidente do IMCA (Instituto Municipal de
Controle Ambiental) na gestão do prefeito Tadeu Palácio.
Certo dia, Bentivi me fez uma convite para visitar o IMCA,
ir ao seu gabinete para uma conversa. Conversamos uma tarde inteira sobre os
projetos que ele tinha para salvar o rio Anil. Recebi alguns documentos que
diziam sobre medidas que seriam adotadas para recuperação de outros rios...
Mas - não sei as razões - Bentivi não mais ficou no IMCA, e
Tadeu deixou a prefeitura: perdeu eleição.
Ficaria muito grato que os meus amigos e amigas, bem como
todos os leitores do blog, lessem o texto abaixo, que é de 2002 - 15/10/2002.
O texto é do Jornal Estado do Maranhão e se refere às
medidas que deveriam ser adotadas para salvar o rio Anil.
ESPECIALISTA PROPÕE SALVAR O RIO ANIL
Microbiologista sugere a colocação de barreiras de ferro e
pedras em todos os afluentes do rio. As medidas serão apresentadas hoje na
Prefeitura.
O ESTADO DO MARANHÃO
15/10/2002
Barreiras de ferro e de pedras em todos os afluentes,
tratamento da água com fungos produzidos em laboratórios e uma grande campanha
de educação ambiental são medidas recomendadas pelo microbiologista
sul-africano, Franz Wilson - especialista em recuperação de áreas degradadas -
para a despoluição da bacia do rio Anil.
As medidas serão apresentadas hoje, às 14h, na Prefeitura
de São Luís, ao prefeito Tadeu Palácio e autoridades maranhenses ligadas à
questão ambiental.
A vinda a São Luís do professor da Universidade de
Pretória, África do Sul, é fruto da participação do Instituto Municipal de
Controle Ambiental (IMCA) na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente - a Rio
+ 10, realizada este ano na cidade de Johanesburgo, naquele país africano.
O presidente do IMCA, João Melo e Sousa Bentivi, qualifica
a ida a Johanesburgo como ‘uma loucura que deu certo’, porque, segundo ele, a
comitiva maranhense saiu desacreditada e retornou vitoriosa.
O professor Franz Wilson está em São Luís desde o dia 26 de
setembro e, durante esse tempo, analisou a água de todos os afluentes do rio
Anil, da Lagoa da Jansen e conheceu o Aterro da Ribeira.
Depois de coletar amostras das águas da bacia do rio Anil,
afirmou que a presença de vida em vários trechos da bacia mostra que o processo
de defesa da natureza tem evitado a depredação total das águas, permitindo a
aplicação de um projeto simples e barato para recuperar toda a bacia.
PROPOSTAS - O microbiologista vai explicar ao prefeito
Tadeu Palácio que, em situações como a do rio Anil, o ideal é a construção de
barreiras de ferro nas confluências com os afluentes para evitar que plásticos
ou outro tipo de lixo jogado pela população cheguem ao leito do rio.
Outra medida que será apresentada é a implantação de
barreiras de pedras, onde será adicionado na água um fungo produzido em
laboratório a partir das análises das amostras de água e da vegetação retirada
da bacia do rio anil.
“Esse sistema de despoluição tem sido aplicado com sucesso
em várias partes do mundo, por ser simples, barato e muito eficiente. Na
verdade, o maior investimento do poder público é na educação das populações ribeirinhas,
no sentido de fazê-las entender que não devem agredir o rio.
A proposta deve ser complementada com a construção de
estações de tratamento de esgoto”, disse o especialista às autoridades
maranhenses ligadas à defesa do meio ambiente.
RESULTADOS - Segundo o professor, se o projeto for aplicado
e os cuidados paralelos devidamente observados, em seis meses a água da bacia
vai estar despoluída e as pessoas não estarão mais correndo o risco de
contaminação, como acontece hoje. “Quem entra neste ou em outros trechos do
rio, pode se contaminar, porque a água apresenta alto índice de poluição”,
disse o sul-africano, ressaltando que o nível de comprometimento da água para
qualquer atividade humana é de 100%.
A pedido do IMCA, Franz Wilson também analisou o nível de
poluição da Lagoa da Jansen, mas não quis comentar suas conclusões antes da
apresentação do relatório, que fará hoje à tarde na Prefeitura de São Luís. Ele
também conheceu o aterro da Ribeira e, a exemplo da Lagoa, evitou fazer
comentários, restringindo-se a afirmar que vai sugerir alterações.
RIO + 10 - Os contatos para a vinda a São Luís do professor
Franz Wilson foram feitos durante a II Conferência Mundial sobre o Meio
Ambiente - a Rio + 10. O evento aconteceu no período de 26 de agosto a 4 de
setembro na capital sul-africana, Johanesburgo, que o IMCA participou com um
estande visitado por milhares de pessoas.
“Nossa aventura teve como principal objetivo divulgar São
Luís, mostrar suas maravilhas e conseguir parceiros para ajudar na resolução
dos graves problemas na área ambiental. Os resultados foram acima da
expectativa, apesar de algumas pessoas, a princípio, não terem dado muito
crédito. Mas o prefeito Tadeu Palácio acreditou e tudo deu certo”, destacou
Bentivi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.