Do Portal Banda B
O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) determinou a
transferência do ex-governador do Paraná Beto Richa, candidato ao Senado pelo
PSDB, e da mulher e ex-secretária estadual Fernanda Richa do Complexo
Médico-Penal (CMP), em Pinhais, na Região de Curitiba, para o Regimento da
Polícia Montada, no bairro Tarumã, em Curitiba.
Os dois foram transferidos por volta das 22 horas, logo
após a decisão do desembargador Laertes Ferreira Gomes, da 2ª Câmara Criminal
do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). O habeas corpus para o casal deve ser
julgado nas próximas horas. Beto e Fernanda estão com a prisão temporária, que
tem duração de cinco dias. O casal ainda não prestou depoimento.
Beto foi alvo de duas operações: uma realizada pelo
Ministério Público do Paraná (MP-PR), pela qual foi preso, e outra da Polícia
Federal (PF), na 53ª fase da Lava Jato, na qual a casa dele passou por busca e
apreensão.
Beto Richa e seu aliado Deonilson Roldo,
ex-secretário, são alvos de duas
operações: uma do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), do Ministério Público do Paraná, e outra da Operação Lava Jato, do
Ministério Público Federal.
Beto Richa e Deonilson Roldo foram presos pelo Gaeco. O
ex-governador foi alvo de mandado de busca e apreensão da Lava Jato.
Segundo a Lava Jato, o empresário Jorge Atherino usa suas
empresas “para movimentação expressiva de valores sem origem identificada”.
Além disso, constatou-se o emprego de sofisticados métodos de lavagem de
dinheiro, envolvendo contas no Brasil e no exterior. Portanto, a liberdade dos
réus coloca em risco a ordem pública.
A Lava Jato afirma que apura o envolvimento do ex-governador
do Paraná Beto Richa nos fatos, mormente em relação à utilização de empresas em
nome de familiares para movimentação de valores cuja origem se intenta apurar.
O Gaeco investiga irregularidades no programa Patrulha do
Campo, que faz manutenção em estradas rurais. Já a Lava Jato mira em crimes de
corrupção, lavagem de dinheiro e fraude à licitação referentes à duplicação da
PR-323, favorecendo a empresa Odebrecht.
São alvos da Lava Jato, além de Beto Richa, Jorge
Theodócio Atherino, empresário apontado como operador financeiro do
ex-governador, e Tiago Correia Adriano Rocha, indicado como braço direito de
Jorge e responsável por diversas transações financeiras dos empreendimentos do
executivo.
Em nota, a Lava Jato informou que empresários do grupo Odebrecht
realizaram, no primeiro semestre de 2014, um acerto de subornos com Deonilson
Roldo, para que ele limitasse a concorrência da licitação para duplicação da
PR-323, entre os municípios de Francisco Alves e Maringá. Em contrapartida, a
Odebrecht pagaria R$ 4 milhões a Roldo e ao seu grupo.
Segundo a Lava Jato, a corrupção foi ajustada em três
reuniões entre Roldo e representantes da empreiteira. As evidências mostraram
que, no final de janeiro de 2014, executivos da Odebrecht procuraram o então
chefe de gabinete do governador e solicitaram apoio para afastar eventuais
concorrentes interessados na licitação da parceria público-privada (PPP) para
exploração e duplicação da PR-323.
“As provas indicaram ainda que, após uma primeira
reunião, Roldo voltou a se encontrar com executivos da empresa, informando que
a ajudaria ilegalmente na licitação, mas para isso contava com o auxílio da
empresa na campanha do governador daquele ano de 2014 Desta maneira, segundo as
evidências, ele solicitou propinas para vender atos praticados no exercício de
sua função pública, com o pretexto de que supostamente elas seriam usadas em
campanha”, afirma a Lava Jato.
A denúncia
A força-tarefa Lava Jato apresentou em 5 de setembro uma
denúncia sobre parte dos fatos e agentes investigados pela operação deflagrada
nesta terça-feira. Onze investigados foram acusados dos crimes de corrupção
(ativa e passiva) e lavagem de dinheiro.
A denúncia foi aceita pela 13ª Vara Federal Criminal e
viraram réus o empresário Jorge Theodócio Atherino, apontado como “operador”
(intermediário que gerenciava as propinas) do ex-governador Carlos Alberto
Richa (Beto Richa); o ex-chefe de gabinete deste último, Deonilson Roldo;
Adolpho Julio da Silva Mello Neto; Benedicto Barbosa da Silva Junior; Fernando
Migliacchio da Silva; Luciano Riberiro Pizzatto; Luiz Antônio Bueno Junior;
Luiz Eduardo Soares; Maria Lucia Tavares; Olívio Rodrigues Junior e Álvaro José
Galliez Novis.
As investigações e a denúncia são também frutos da
colaboração da empresa Odebrecht e de seus executivos e colaboradores.
Informações e provas sobre crimes praticados por todo o País foram distribuídas
pelo STF para diferentes jurisdições, mantendo-se naquela Corte e no Superior
Tribunal de Justiça os fatos relacionados a pessoas que gozam de foro
privilegiado.
Defesas
A defesa do ex-governador Beto Richa afirma que “até
agora não sabe qual a razão das ordens judiciais proferidas”. A defesa diz que
“ainda não teve acesso à investigação”.
O governo do Estado do Paraná disse, em nota, que “está
colaborando com todas as investigações em curso. A governadora Cida Borghetti
ressalta que não aceita nenhum tipo de desvio de conduta dos seus funcionários
e que criou a Divisão de Combate à Corrupção para reforçar o combate à esse
tipo de crime. Hoje a divisão esta fazendo buscas e apreensão em uma operação
que combate fraudes a licitação. O Governo do Estado vai aguardar a divulgação
de mais informações a respeito dessa fase da Operação Lava Jato para tomar
outras providências”.
O advogado Roberto Brzezinski Neto, que defende Deonilson
Roldo, afirmou que está analisando os autos e vai se pronunciar.
A reportagem está tentando contato com a defesa de outros
citados. O espaço está aberto para as manifestações.
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