Ricardo Galhardo e Fabio Serapião
A Polícia Federal em Juiz de Fora (MG) instaurou
inquérito para investigar o ataque ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro
(PSL), ocorrido na tarde desta quinta-feira, 6. O servente de pedreiro Adélio
Bispo de Oliveira, de 40 anos, foi preso em flagrante.
Para a Polícia Militar, o ataque ao deputado foi
premeditado. Os policiais estão atrás de telefones celulares, documentos ou
qualquer outra pista que possa esclarecer se o autor do crime agiu sozinho ou
se teve ajuda. O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), afirmou que
Oliveira não “parecia um sujeito equilibrado”.
“Colocamos todo o aparato de segurança do Estado à
disposição para elucidar o caso”, disse ao Estado. Pimentel informou ainda que,
como o caso envolvia um candidato à Presidência, “o protocolo remete o registro
da ocorrência à PF.”
Um dos coordenadores políticos da campanha de Bolsonaro,
o deputado federal Delegado Francischini (PSL-PR) disse que vai entrar com
representação na Polícia Federal para que seja investigada a possibilidade de o
atentado contra o candidato do PSL ser um “crime político”. “Queremos saber se
tem um autor intelectual (do atentado). Para nós é um crime político, ele
(autor da agressão) foi filiado ao PSOL. Queremos saber se tem alguém acima
desse cara, alguém que o induziu”.
Mudança
A facada em Bolsonaro deve obrigar os demais candidatos a
se submeterem a normas mais rígidas de segurança, o que pode ter impacto direto
na campanha eleitoral. Na hora do ataque, 15 agentes da PF estavam cuidando da
segurança do candidato. Os protocolos do setor de Proteção a Dignitários da
Polícia Federal, responsável pela segurança dos presidenciáveis, determinam que
em casos como o do atentado a Bolsonaro faz-se uma reavaliação para estipular
um novo “grau de risco”.
Na teoria, alguns delegados chamam este evento de “fato
revolucionário”, que muda o cenário de atuação da PF. Segundo eles, essa
reavaliação está sendo feita para ser empregada nas próximas agendas dos
candidatos. Após o ataque, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) e Geraldo
Alckmin (PSDB) anunciaram cancelamento de agendas de campanha.
As medidas adicionais podem incluir o emprego de novos equipamentos (colete a prova de bala, carro blindado, etc) e novas táticas, como evitar lugares abertos, planejar todas aparições, evitar o contato direto do candidato com os eleitores.
Policiais com experiência nesse tipo de trabalho disseram
que o perfil da campanha de Bolsonaro, apoiado por militares que muitas vezes
se apresentam como seguranças voluntários, dificulta ainda mais a proteção.
Esse excesso de gente quebra a formação de segurança da equipe profissional e,
como consequência, dilui as responsabilidades durante os eventos de campanha.
“Ações como aquela (na qual Bolsonaro foi esfaqueado) são
contraindicadas. Não fazem parte da avaliação de risco da PF justamente por
conta da vulnerabilidade. Não havia cordão de isolamento primário nem
secundário porque o candidato se colocou naquela situação. Normalmente, eles
não seguem as orientações propostas pelas equipes de segurança da PF”, disse o
presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, Flavio
Werneck.
De acordo com um experiente policial ouvido pelo Estado,
no limite, conforme o policial, a PF pode solicitar à Justiça Eleitoral a
proibição de eventos de campanha em caso de risco extremo. / COLABORAM RENAN
TRUFFI e MARCELO GODOY
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