Sebastião Nery
RIO – Quem é bom não falha. O professor paranaense Hélio
Duque continua incansável: “No ciclo evolutivo da humanidade, o iluminismo no
século XVIII impôs o predomínio da razão sobre a visão teocêntrica (religiosa)
que dominou a Europa por toda a Idade Média. Fundamentava-se no pensamento
racional e na evolução do humanismo, daí ser qualificado como o século das
luzes. Influenciou a Revolução Francesa com o trinômio Liberdade, Igualdade e
Fraternidade. Igualmente a Revolução Americana com a independência das colônias
inglesas que originou nos Estados Unidos da América. Redigida em 1789, a
Declaração dos Direitos Humanos é filha legítima do iluminismo. O francês François-Marie Arouet, adotando o pseudônimo
Voltaire, sublimou a sua essência: “Não concordo com uma palavra do que dizes,
mas defenderei até o último instante seu direito de dizê-la.”
Nesse tempo digital, de internet e redes sociais, é
preciso preservar os valores civilizatórios do iluminismo. Poderosa tecnologia,
as redes sociais vêm se desenvolvendo com dinamismo incomum, para o bem e para
o mal, gerando grandes contribuições na informação instantânea seja nos
celulares, facebook, instagram ou whatsapp. Na outra ponta vem adulterando a
realidade derivado da proliferação das chamadas “fakes news.” Introduziram um
novo padrão nos modelos tradicionais nas relações pessoais, influenciando a
formação da opinião pública, além dos veículos tradicionais de comunicação.
Passou a ser parte integrante do cotidiano das pessoas.
Negar a importância das redes sociais nas relações contemporâneas seria
desconhecer a realidade. O ponto crítico é que vem se tornando força poderosa
na disseminação de conflitos pessoais, políticos, étnicos e outras gradações. É
o território livre para a expressão de opiniões sobre qualquer assunto, mesmo
quando não se conhece o que se debate. Agrega-se que questões pessoais têm
aflorado de maneira perigosa. O bom senso e equilíbrio deixam de existir pela
agressão gratuita, transformando o oponente em inimigo.
No caso, a mentira e a calunia são protegidas pela
ausência de uma legislação punitiva. Protege o delinquente ante a infâmia
proferida. Crimes digitais e chantagens encontram nas redes sociais terreno
fértil, exigindo o máximo de cuidado e responsabilidade pela enorme quantidade
de notícias falsas veiculados nas redes sociais. Em certo casos estão fazendo
aflorar o que o ser humano tem de pior. O jornalista Diego Escosteguy,
sintetizou: “Abrir as redes sociais tornou-se um ato de fé e de coragem; a cada
esquina digital, esbarra-se na ignorância orgulhosa, na incivilidade boçal, na
intolerância odiosa.”
É oportuno o fato do cientista pioneiro de computação e
um dos maiores conhecedores da realidade virtual no mundo, o norte americano
Jaron Lanier, ter o seu quinto livro lançado no Brasil. A polêmica começa pelo
título “Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais”. Fixando o
prazo de seis meses para o internauta “retomar a consciência de si próprio”. A
jornalista Paula Soprana, especialista em on-line e novas tecnologias
influenciadoras de comportamentos da sociedade, fez na Folha de S.Paulo
importante entrevista com o autor, destacando os 10 argumentos de Jaron Lanier,
sobre a internet: 1. “Você está perdendo o seu livre-arbítrio; 2- “Largar as
redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nossos
tempos”; 3-“As redes sociais estão tornando você um babaca”; 4-As redes sociais
minam a verdade”; 5-“As redes sociais transformam o que você diz em algo sem
sentido”; 6-“As redes sociais destroem sua capacidade de empatia”; 7-“As redes
sociais deixam você infeliz”; 8-“As redes sociais não querem que você tenha
dignidade econômica”; 9-“As redes sociais tornam a política impossível”; e
10-“As redes sociais odeiam sua alma.”

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