Amazônia em Chamas...?
Hamilton Mourão*

Nos últimos tempos, os mais variados atores acusam o Brasil de não ser capaz de cuidar do seu patrimônio ambiental, em particular a Amazônia. Uma ironia, levando em consideração que somos o País que menos desmatou na história da humanidade. Como exemplo, cito que nos primórdios da vida na terra a Europa possuía 7% das florestas do mundo e o Brasil 9,8%. Hoje os europeus contam com 0,1% e nosso País com 28,9% da cobertura florestal mundial.
Reitero que somos a Nação que tem a matriz energética
mais limpa e a maior cobertura vegetal original, chegando ao admirável valor de
84% de área nativa preservada na Amazônia e mais de 60% se considerarmos todo o
território nacional.
Interesses econômicos e políticos a parte, também ocorre
uma certa desinformação, que termina por ganhar força junto aos que jamais
pisaram na Amazônia. Para esclarecer o cenário existente, eu os convido a
juntos analisarmos as queimadas, o coelho da vez, tirado da cartola, para como
em uma mágica induzir o espectador a acreditar no truque que lhe está sendo
encenado.
SIM, as queimadas acometem a Floresta Amazônica e outros
biomas do País – e também do mundo, não somos a única nação a enfrentar esse
problema -, especialmente no período da seca, quando os índices historicamente
se elevam. Mas não na proporção trágica e com o descaso dos governantes como
querem crer os donos das cartolas e dos coelhos. As queimadas que estão
ocorrendo na Amazônia não são “padrão Califórnia ou Austrália” e as ações do
Governo Federal buscam não só reduzi-las, mas também atenuar seus efeitos
nocivos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.
Para compreendermos a realidade das queimadas amazônicas
e termos capacidade de interpretar os números divulgados, precisamos entender o
que significam os focos identificados pelos satélites de referência utilizados
pelo INPE. As imagens acusam todos os focos de calor, o que não significa
incêndio, pois qualquer área com temperatura acima de 47º - uma fogueira por
exemplo – é assim identificada. Além disso, como consta no site do instituto, é
comum uma mesma queimada ser detectada por vários satélites. Os dados brutos
também não distinguem as ilegais das legais, que são aquelas ocorridas dentro
dos 20% de terra que, de acordo com nossa legislação, pode ser explorada no
bioma Amazônia.
Os fatores que levam a uma queimada não são matemáticos,
pois questões ambientais e humanas influenciam tanto a ignição como a
propagação e contenção do evento. Não é uma ciência exata. Assim, os esforços
dos governos federal e estaduais podem ser positivos, com elevados ganhos em um
período, como em outros tendem a ser negativos. Por isso é importante que os
dados sejam TRANSPARENTES, contudo submetidos a uma análise qualitativa por
meio de processo inteligente, levando a ajustes e correções, necessários para o
combate às ilegalidades e para que a informação produzida seja a expressão da
verdade.
Gostaria de compartilhar a análise dos números computados
até 15 de setembro deste ano, comparando-os com igual período do ano passado.
Tivemos um aumento de 11% nesse período, destacando que um terço ocorreu em
áreas já desmatadas, outro terço naquelas que foram objeto de desmatamento
recente e o último terço em regiões urbanas, de assentamentos e industriais.
Nossos alvos de repressão localizam-se naquele importante terço de áreas
recentemente desmatadas, notadamente aquelas situadas em terras indígenas e
unidades de conservação, onde não podemos aceitar o avanço da criminalidade.
No Bioma Amazônia existem cerca de 530.000 imóveis
rurais, de acordo com dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), em
aproximadamente 25.000 ocorrem queimadas ilegais, ou seja, em 5% das
propriedades. Essa é a dimensão do problema a ser enfrentado, com paciência,
determinação e clareza.
Não podemos e não iremos parar. Seguiremos sempre
adiante, passo a passo, com foco no aperfeiçoamento contínuo dos métodos,
técnicas, equipes, políticas públicas e recursos disponíveis para a prevenção e
o combate das queimadas ilegais na Floresta Amazônica, atuando nas frentes
política, econômica, social e legal.
Não se deixem levar por narrativas tiradas da cartola,
como o coelho daquele mágico. Por fim deixo claro que o governo do Presidente
Bolsonaro não compactua com ILEGALIDADES e manterá os esforços constantes no
sentido de que criminosos ambientais sejam enfrentados de acordo com a lei,
pois respeito ao Estado de Direito é pilar básico do sistema democrático e da
civilização ocidental, a qual temos orgulho de pertencer.
*Hamilton Mourão é vice-presidente da República
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