sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Por que o Maranhão abandona (ou até desconhece) seus grandes valores universais? -

Brasil / EXCLUSIVO

Por que o Maranhão abandona (ou até desconhece) seus grandes valores universais?

Leia abaixo texto exclusivo do pensador, escritor e pesquisador Edmilson Sanches

24/11/2022 

Por: Mhario Lincoln / Fonte: Edmilson sanches/O abandono do Maranhão


Nota do Editor :o Padre Francisco João de Azevêdo inventou uma máquina-protótipo de escrever, através de teclas e a mostrou durante a grande Exposição Nacional no Rio de Janeiro, de 1861. Mas um americano o persuadiu a levar a invenção para os Estados Unidos afirmando que lá, poderia industrializá-la. E aí ianque Chritistofer Sholes levou a fama e a patente. Em março de 1973 Sholes apresentou como seu, um protótipo igual ao do padre. Logo depois mostrou aos armeiros Remington e a partir daí, todo mundo conhece. O padre entrou para a galeria brasileira dos inventores injustiçados. Mas, e quando as pessoas são reconhecidas como desbravadores, inovadores, dentro e fora do país, todavia quase desconhecidos em sua terra de origem, onde nasceram? É essa a história que Edmilson Sanches conta, abaixo:

POR QUE O MARANHÃO ABANDONA SEUS MAIORES VALORES?

---- Se o Brasil fosse o mundo, o Maranhão seria a França.

---- Se o Maranhão saísse do Brasil, a economia do Brasil perderia menos de 1,5% [um e meio por cento]. Mas se o Maranhão saísse do Brasil, o País perderia mais de 30% de sua História e Cultura

*

Recentemente, em longa conversa em um café de grande Livraria no Rio de Janeiro, o poeta Salgado Maranhão, meu conterrâneo caxiense, contou-me que ouviu um palestrante dizer, no curso de sua fala: 

“ --- Se o Maranhão saísse do Brasil, a economia do Brasil perderia menos de 1,5% [um e meio por cento]. Mas se o Maranhão saísse do Brasil, o País perderia mais de 30% de sua História e Cultura”. Tal é a grandeza histórico-cultural de nosso Estado.

Como costumo dizer, em termos histórico-culturais, se o Brasil fosse o mundo, o Maranhão seria a França  --  e, nesta França, Caxias seria Paris... 

Reproduzo de memória a frase e substituí o percentual da Economia, com inclusão de dados oficiais, com base no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil e do Maranhão em 2019, quando o País totalizou R$ 7 trilhões 389 bilhões e o Maranhão, R$ 97 bilhões.

Por mais que seja difícil quantificar um percentual de participação histórico-cultural de um estado na formação e existência de um país, ainda assim é válido, ilustrativa e simbolicamente, realçar a grandeza maranhense na formação brasileira.

*

Nosso Estado, o Maranhão, pelo talento e esforço de diversos de seus filhos, deu uma gigantes contribuição ao Brasil e ao mundo. 

Assim, “en passant”, podemos afirmar que eram maranhenses quem criou a Bandeira do Brasil (cujo dia é daqui a pouco, em 19 de novembro) e quem deu ou fortaleceu a ideia de o Hino Nacional ter uma letra, que foi Coelho Netto, à época deputado federal, em 1909 e 1917. 

Ou seja, os dois maiores símbolos do Brasil têm a presença maranhense, incluindo-se também os versos de Gonçalves Dias em estrofe do Hino (“Nossos bosques têm mais vida” / “Nossa vida” no teu seio “mais amores”). 

Por sua vez, a cidade maranhense de Caxias é um raríssimo caso de município que está presente três vezes no Hino e Bandeira brasileiros: o criador da Bandeira do Brasil, Teixeira Mendes, é caxiense, e caxienses são também Coelho Netto e Gonçalves Dias

Maranhenses também são o criador do Ministério da Agricultura (e presidente de honra da Sociedade Nacional de Agricultura); 

...o primeiro dramaturgo negro do Brasil, criador do Teatro Profissional do Negro, cujo nome foi dado ao ano de 2018 pelo Governo Federal; 

...o primeiro tradutor de Shakespeare para a Língua Portuguesa; 

...o introdutor do cinema seriado no Brasil; 

...o idealizador do Teatro Municipal do Rio de Janeiro; 

...o maior governador do Amazonas; 

...o primeiro poeta brasileiro a ser publicado em página do maior jornal dos Estados Unidos;

...o autor da primeira música sertaneja gravada no Brasil; 

...o criador da primeira companhia imobiliária do País; 

...os idealizadores do primeiro banco brasileiro, muito antes de Dom João 6º chegar ao Brasil; 

...o inventor do “stent” (nanotubo que se introduz em artérias para regular fluxo sanguíneo para o coração); 

...o fundador dos bairros Grajaú no Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

Maranhenses são o redator da Lei do Ventre Livre; 

...o autor da Lei que permitiu a liberdade de crença e culto (com a separação da Igreja do Estado); 

...o autor do primeiro livro científico de Odontologia no Brasil e dentista pioneiro no uso de anestesia, considerado “Glória da Odontologia Brasileira”; 

...o patrono da Medicina Legal brasileira (junto com o médico e escritor baiano Afrânio Peixoto); 

...o criador da Antropologia Criminal; 

...o inspirador da criação da FUNAI (Fundação Nacional do Índio); 

...o pioneiro nas lutas pelas leis de proteção à mulher trabalhadora, ao menor trabalhador, ao doente mental e ao índio; 

...o introdutor do Indianismo na Literatura Brasileira; 

...o introdutor do Parnasianismo; 

...o introdutor do Naturalismo; 

um dos criadores do Concretismo e do Neoconcretismo na Literatura Brasileira; 

...o introdutor do Modernismo nas Artes Plásticas brasileiras; 

...o precursor do romance policial no Brasil; 

...o professor e dramaturgo que é considerado “A Pedra Angular do teatro Paranaense” (e que estudou com grandes nomes do Cinema e Teatro mundial, como Federico Fellini, Roberto Rossellini, Michelangelo Antonioni, Laurence Olivier, Luchino Visconti...).

São maranhenses o responsável pela elevação da capoeira no Brasil, como esporte, arte, técnica, dança, luta digna; 

...o escritor três vezes indicado ao Prêmio Nobel; 

...o introdutor do cinema seriado no Brasil, precursor das novelas e séries atuais;

...os autores do primeiro livro de autoria coletiva do Brasil;

...o precursor da Tradução Criativa no Brasil; 

...o médico que é considerado o maior matemático da História brasileira e um dos maiores do mundo; 

...o patrono da Cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras; 

...o pioneiro no estudo do Folclore no Brasil; 

...o responsável pela reabilitação do violão como instrumento musical digno no Brasil; 

...a sacerdotisa de culto afro-brasileiro e última princesa da linhagem direta fon (estudada por escritores, sociólogos e antropólogos brasileiros e estrangeiros); 

...o professor considerado “Mestre dos Mestres” em São Paulo.

Também são maranhenses um campeão internacional de hipismo (inclusive recentemente); 

...o pioneiro no estatuísmo (“estátuas vivas”) no Brasil; 

...o pioneiro em organização de Cerimonial & Relações Públicas no País; 

...um dos fundadores da União Nacional dos Estudantes; 

...um aviador herói da 2ª Guerra Mundial; 

...a “mãe dos pobres” de São Paulo (capital); 

...os primeiros músicos brasileiros a subirem ao palco do primeiro “Rock in Rio” (janeiro de 1985); 

...o primeiro ministro da Ciência e Tecnologia do país; 

...o escritor mais lido do Brasil em sua época; 

...o primeiro presidente do Conselho Brasileiro de Fitossanidade; 

...o dramaturgo, poeta, contista e jornalista e compositor, considerado entre os primeiros letristas profissionais da música popular brasileira. 

Também são maranhenses o escritor e jornalista que iniciou a “revolução” gráfica na Imprensa brasileira; 

...o antropólogo, veterinário e ictiólogo que foi um dos primeiros pesquisadores mestiços de reconhecimento científico internacional, fundador da Academia Amazonense de Letras, com placa e álea com seu nome no Jardim Botânico do Rio de Janeiro; 

...o prefeito exemplar de capital no Sul-Sudeste, autor literário reconhecido em diversos países; 

...o autor do primeiro livro de gramática da Língua Portuguesa no Brasil; 

...o fundador da primeira tipografia de São Paulo; 

...o jornalista e escritor que, bem antes de Euclides da Cunha, foi o primeiro a chegar a Canudos e a escrever e publicar livro sobre a “Guerra de Canudos”, na Bahia (1896-1897); 

...o responsável pela primeira contagem populacional (recenseamento) do Brasil, em 1872; 

...o primeiro presidente do Banco do Brasil; 

...a cantora, compositora, multiinstrumentista, professora e folclorista, considerada a “Rainha do Acordeom” e a segunda maior compositora brasileira em número de músicas gravadas, que com menos de 15 anos já se apresentava no exterior, teve composições gravadas em outros países e por grandes nomes da música brasileira, como Nara Leão, Fagner, Clara Nunes, Marlene, Dóris Monteiro, Inesita Barroso, Marinês e Sua Gente, Carlos Galhardo e Zé Ramalho; 

...o músico considerado, na sua época, o melhor violinista do Brasil; 

...os poetas considerados, na época de cada um, o maior poeta vivo brasileiro; 

...a banda militar maranhense que é a segunda criada na história do Brasil;

...e outros maranhenses e ocorrências que foram/são destaques nacionais e internacionais na Ciência & Tecnologia, nas Artes e Cultura (Música, Literatura, Pintura etc.), Meio Ambiente, Educação, Medicina & Saúde, Administração Pública e Empresarial etc.

E o que, maximamente, é tema recorrente na Imprensa brasileira sobre o Maranhão? Que somos o pior ou um dos piores em indicadores socioeconômicos. Quando eu era menino, comprava todo ano o “Almanaque Abril”, desde a primeira edição. Sofregamente, ia logo ver o capítulo sobre os Estados brasileiros para ler o texto sobre o Maranhão. Decepção. Geralmente começava assim: “O Maranhão, estado mais pobre / mais atrasado do Brasil [...]”. 

Autoridades maranhenses e mesmo o mundo empresarial, se já não tivessem outros deveres, também têm a obrigação  --  chamam-na de “responsabilidade social” --  de proporcionar aos maranhenses o conhecimento sistêmico e sistemático, orgânico e organizado dessas informações. Informações que tanto poderiam dar conhecimento quanto, também, ser motivo de inspiração e sadio orgulho para os mais jovens e, por que não?, para todos nós.

Com base nessa exaustiva  -- e ainda assim curta --  lista de grandes nomes maranhenses (que compõem o projeto “Enciclopédia Maranhense”, que elaborei), faça uma reflexão sobre o fato de nosso Estado, repito, ser conhecido “lá fora” apenas por indicadores socioeconômicos péssimos (que devem ser combatidos, revertidos), mas esquece, nosso Maranhão, de divulgar para o Brasil e para além o que de bom a História registra que foi feito por nossos Conterrâneos de antanho. 

O Maranhão não se assenhoreia desse verdadeiro tesouro, desse potencial de Economia Criativa / Economia da Cultura. Relega, bane, expatria ou despreza o pioneirismo, os esforços, o resultado do talento e lutas de seus próprios filhos, que, no passado e até presentemente, contribuíram verdadeiramente para formar, fixar e ampliar a Identidade Brasileira e ajudar a tornar melhor nosso País nas diversas áreas.

Quer saber mais outras dezenas senão centenas de “coisas” em que o Maranhão e maranhenses são bons ou pioneiros etc.? Quer conhecer, apoiar ou associar-se ao projeto “Enciclopédia Maranhense”? Quer uma oportunidade de ser terno com sua terra e eterno com seu nome? Entre em contato: (99) 9.8405-4248 / edmilsonsanches@uol.com.br / www.edmilson-sanches.webnode.page . 

EDMILSON SANCHES 

Administração - Comunicação - Desenvolvimento - História – Literatura

PALESTRAS – CURSOS - CONSULTORIA


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