segunda-feira, 21 de agosto de 2023

ANÁLISE: ARÁBIA SAUDITA USA FUTEBOL PARA “LAVAR” IMAGEM - Artigo do ex-deputado Ney Lopes


ANÁLISE: ARÁBIA SAUDITA USA FUTEBOL PARA “LAVAR” IMAGEM


O presidente Lula convidou Mohammed bin Salman para visitar o Brasil.


Ney Lopes*

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, prova, que na política e no esporte o dinheiro lava tudo.

Os direitos humanos e a vida são sempre colocados num patamar inferior, se do outro lado da balança pesam fortes interesses econômicos.

O termo “sportswashing” (lavagem esportiva) significa a prática de investir bilhões para transformar a percepção do mundo acerca da má imagem do reino saudita.

História - Regimes totalitários sempre usaram esportes para exibir e proteger seus modelos políticos.

Mussolini fez com a Copa do Mundo em 1934 e Hitler com as Olimpíadas de 1936.

A Alemanha Oriental e a União Soviética tinham programas de doping patrocinados pelo estado nas décadas de 1970 e 1980.

A China foi acusada de “sportswashing”, ao sediar as Olimpíadas de Inverno no ano passado, assim como a Rússia quando sediou a Copa do Mundo de futebol, em 2018.

Lavagem - A Arábia Saudita está comprando o futebol para dominar o mundo e a Copa 2030.

Os salários dos novos atletas contratados ultrapassam 1,5 bilhão de euros (R$ 10 bilhões de reais).

Também despejam milhões em eventos, como o Grande Prêmio de Fórmula 1 e Fórmula E, boxe, luta livre, circuito de golfe, ATP Tour de tênis e e-Sports.

O objetivo é o país receber 100 milhões de visitantes por ano, até 2030.

Exigências absurdas - Neymar transferiu-se para a Arábia Saudita, após fazer exigências absurdas e todas elas aceitas.

Irá receber € 160 milhões (R$ 860 milhões) nas duas temporadas.

Segundo o jornal Le Parisien, o atacante brasileiro é dono do terceiro maior salário do planeta.

O jogador terá ainda avião à disposição, oito veículos, sendo três para uso próprio, um motorista disponível 24 horas por dia e uma mansão com, no mínimo, 25 cômodos

Liberdades - Todo esse esbanjamento de dinheiro ocorre num país, que nega liberdades democráticas; suprime direitos das mulheres; decapita os homossexuais; destrói o Iêmen; assassinou o jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul em 2018; aplica a pena de morte, sem direito de defesa; bane as organizações de defesa dos direitos humanos; condena migrantes, mulheres e crianças, a tortura e condições degradantes, apenas por se encontrarem no território em situação irregular.

Dinheiro - Enquanto acontecem essas cenas ultrajantes, Biden cumprimenta o rei Mohammed bin Salman, com enorme familiaridade.

Rishi Sunak, primeiro ministro inglês, convida-o para uma visita oficial ao Reino Unido. 

Até o presidente Lula convidou Mohammed bin Salman para visitar o Brasil, o que está previsto para 2024.

Infelizmente, como se vê, no desporto e na política, o dinheiro lava tudo.

*Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, procurador federal – nl@neylopes.com.br – blogdoneylopes.com.br


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