sexta-feira, 22 de março de 2024

Mauro Cid relata coação em delação

Áudio vazado | Mauro Cid relata coação em delação e questiona abuso de poder de ministro do STF: ”A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, com MP, sem MP, com acusação, sem acusação”

22 de março de 2024

Por Alan Fardin*

Fonte - Opinião.es




Em áudios vazados, ex-assessor de Bolsonaro expressa pressão sofrida e críticas ao Ministro do STF

Em revelação bombástica veiculada pela revista Veja, Mauro Cid, antes ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, compartilhou através de gravações sua percepção de ter sido pressionado a incriminar seu antigo superior. A polêmica se aprofunda com suas críticas direcionadas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a quem acusa de utilizar de sua autoridade de forma questionável.

Os registros, cuja obtenção pela Veja não foi detalhada, surgiram de uma conversa ocorrida após 11 de março de 2024, momento em que Cid prestou depoimento à Polícia Federal. Nestes, Cid articula sua frustração com a situação, alegando ter sido coagido a corroborar com narrativas que contradizem sua verdade.

A gravação sugere que houve tentativas de influenciar o tenente-coronel a detalhar encontros e diálogos internos do governo Bolsonaro no final de 2022, especificamente sobre discussões envolvendo a possibilidade de decretar um estado de sítio com o objetivo de obstruir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eles queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu. “Não vai adiantar. Não adianta. Você pode falar o que você quiser. Eu vi isso ontem. Eles não aceitavam e discutiam, que a minha versão não era verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo. Eles já estão com a narrativa pronta, eles não queriam que eu dissesse a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam. E toda vez eles falavam: ‘Olha, a sua colaboração está muito boa’. Tipo assim, ele até falou: ‘Vacina, por exemplo, você vai ser indiciado por 9 negócios de vacina, 9 tentativas de falsificação de vacina, vai ser indiciado por associação criminosa e mais um termo lá. Só essa brincadeira são 30 anos pra você’. Eu vou dizer pelo que eu senti: eles já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar. E eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem. Eles são a lei agora. A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação. Se eu não colaborar, vou pegar 30, 40 anos [de prisão]. Porque eu estou em vacina, eu estou em joia”.

As declarações de Cid ecoam as vozes de outros indivíduos presos sob alegações políticas, que compartilharam experiências similares de coação e detenção. Estes relatos revelam um padrão perturbador de pessoas sendo mantidas em custódia sem acusações formais do Ministério Público ou evidências concretas que sustentem tais detenções.


*Alan Fardin

Editor-chefe e Jornalista, 38 anos, capixaba. 







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