quarta-feira, 29 de maio de 2024

Cigarro mata - artigo de Larissa de Alencastro Curado


Cigarro mata

Larissa de Alencastro Curado

28 / 05 / 2024

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Um levantamento nacional realizado pela Fundação do Câncer e divulgado no início da segunda quinzena de maio mostra que o tabagismo é responsável por cerca de 85% dos óbitos por câncer de pulmão entre homens e aproximadamente 80% das mortes pelo problema em mulheres. De acordo com o relatório “Câncer de Pulmão no Brasil: por dentro dos números”, publicado pela entidade, fumar, em suas diversas formas, é o principal fator de risco para essa neoplasia.

O Dia Mundial Sem Tabaco, organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma mobilização internacional que acontece no dia 31 de maio e objetiva conscientizar a população mundial sobre os prejuízos causados pela prática do tabagismo, que mata 8 milhões de pessoas em todo o mundo e aumenta as chances de incidência de doenças graves, segundo estudos.

O cigarro não é responsável apenas por tumores de pulmão, mas também se associa ao câncer de boca, faringe, laringe, traqueia, rim, bexiga, estômago e esôfago, além de levar outros prejuízos em pessoas com o hábito de fumar. A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que surjam mais de 32 mil casos novos de câncer de pulmão no País em 2024, sendo 18 mil entre homens e 14 mil entre mulheres. 

Entre o público jovem que pode reativar o ciclo, o principal perigo são os cigarros eletrônicos, que ganharam popularidade nos últimos anos. Esses produtos, além da nicotina, substância altamente viciante e prejudicial à saúde pulmonar, contêm também líquidos vaporizados com substâncias tóxicas e cancerígenas, como formaldeído e acroleína, capazes de danificar os pulmões.

Como uma perspectiva de mudança, segundo relatório da OMS para 2024, cerca de 1 em cada 5 adultos em todo o mundo consome tabaco, uma diminuição significativa em relação aos anos 2000, quando 1 em cada 3 adultos tinha o vício. De acordo com o relatório, 150 países estão tendo êxito na redução do consumo de tabaco, e o Brasil está entre um deles, com redução relativa de 35% desde 2010. 

Os principais benefícios para aqueles que abandonam o tabagismo são: 

Em 20 minutos, diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial;

Em 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue se regulariza;

De 2 a 12 semanas, a circulação melhora e a função pulmonar aumenta;

De 1 a 9 meses, a tosse e a falta de ar diminuem;

Em 1 ano, o risco de doença cardíaca coronária é cerca de metade do de um fumante;

Entre 5 e 15 anos, o risco de derrame é reduzido ao de um não fumante;

Em 10 anos, o risco de câncer de pulmão cai para cerca de metade de um fumante e o risco de outros cânceres diminuem;

Em 15 anos, o risco de doença cardíaca coronária equivale a de um não fumante.

Por isso, parar de fumar é extremamente importante para redução de riscos de câncer e de outras doenças tabaco-relacionadas. Caso seja necessário, a pessoa pode e deve buscar o auxílio de um profissional na jornada de abandono do vício.

*Larissa de Alencastro Curado é médica oncologista clínica com foco em oncologia torácica, do Centro de Oncologia IHG 

(artigo publicado originalmente no portal aredacao.com.br - de Goiânia)


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