sábado, 18 de maio de 2024

“POLÍTICO” SEM PATOTA E “ASSESSOR” SEM PADRINHO - artigo do ex-deputado Ney Lopes


“POLÍTICO” SEM PATOTA E “ASSESSOR” SEM PADRINHO

18 / 05 / 2024

Ney  Lopes*

O suplente de senador Jean Paul Prates foi demitido diretamente pelo presidente Lula da presidência da Petrobras, de forma “humilhante”, segundo ele. Um técnico de notória competência, agiu na presidência do órgão de acordo com a orientação do presidente da República e terminou punido por isso.

A demissão de Jean Paul Prates, que ocupava o único cargo destinado ao RN na esfera decisória do governo petista, confirma que nos bastidores da política brasileira há dois personagens, que sofrem muitas decepções.

O primeiro é o “político sem patota”, que pertence a um partido (as vezes tem mandato), é bem-intencionado e tenta afirmar-se pelo seu valor pessoal. Anda sozinho, sem “puxa saco”, a famosa “patota”. É a vocação política, de boa-fé, que sonha com uma oportunidade de afirmar-se no partido e ter voz. Nas horas de crises é procurado. Tem sempre boas ideias conciliatórias e pensa que com isso “soma pontos” com as várias tendências partidárias, quando, na verdade, “perde pontos” com todos os lados. Resolvido o impasse é descartado. Sabe por que? Os “donos dos partidos”, manipuladores de grupos em benefício próprio (apelidados de “líderes”) logo raciocinam: “vamos eliminar esse cara. É inteligente. Imagine se fica contra nós”. A intriga é o método usado para erradicar o “perigo próximo” de um possível futuro concorrente. Chegam a acusar de infidelidade partidária, para “tomar” o mandato”, quando na verdade o acusado defendia fidelidade ao seu partido. Apenas, não convinha a cúpula aquela defesa.

O segundo é o chamado “assessor sem padrinho” (protetor), que não necessita ter vínculo de filiação com o partido. Pode até prestar serviços à base da CLT. A exigência é que não discorde da orientação de quem o nomeou.

O caso de Jean Paul Prates é do “político sem patota”. Era politicamente rejeitado do Palácio Potengi ao Palácio do Palácio do Planalto. A sua escolha deveu-se a competência técnica demonstrada em encontros diretos com Lula. Ao invés de ajudá-lo a exercer o cargo na Petrobras, a inveja aumentou e ele terminou caindo.

Para fazer política militante no Brasil e ter sucesso, infelizmente de nada adianta ter boas ideias e propostas.

A exigência fundamental é ser “proprietário de um partido”.

O destino dado a Jean Paul Prates é a prova disso....

Até Rui Barboza já percebia, que “Há tanto burro mandando em homens com inteligência, que às vezes chego a pensar que burrice é uma ciência! ” – Rui Barbosa (1849 – 1923)

Ney Lopes é jornalista, escritor. Foi deputado federal


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