Mais feliz do que era antes?
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Aquela jovem abriu uma pequena empresa que teve um sucesso meteórico.
Pouco tempo depois foi adquirida por um conglomerado por valor altíssimo.
Ela saiu da venda com o suficiente para não precisar mais se preocupar com a subsistência financeira.
Possivelmente, esse é o sonho de muitos de nós.
Chovem nas redes sociais as promessas de ganhos imensos em pouco tempo.
Por vezes, são jovens afirmando que já conquistaram seu primeiro milhão e vendem seus cursos para mostrar como chegar lá.
Não entrando no mérito se são propagandas enganosas ou não, o que acontece é que o desejo de enriquecer está presente.
A jovem que passou pela experiência de sucesso repentino tem um depoimento curioso:
É ótimo poder viajar e fazer o que eu sempre quis fazer. Mas o estranho é que, depois que me recuperei da emoção de ganhar todo aquele dinheiro, as coisas mais ou menos voltaram ao normal.
Quer dizer, tudo está diferente. Comprei uma casa nova e tudo mais. Mas no geral acho que não estou muito mais feliz do que era antes.
Interessante observar que esse sentimento não é apenas dela. Em diversos estudos realizados com ganhadores de loteria, encontra-se idêntico resultado.
Depois de um tempo tudo volta ao padrão de antes, no que diz respeito ao seu estado emocional.
Por outro lado, vemos relatos de pessoas que enfrentaram catástrofes, grandes flagelos ou viveram anos em enfermidade.
Da mesma forma, depois do acontecido, depois do desespero e sofrimento naturais do processo, as coisas parecem voltar a uma normalidade.
Com algumas exceções, naturalmente.
Alguns ramos da ciência, ao estudar esse fenômeno humano, se atrevem a lhe dar nome. Falam em adaptação, ou adaptação hedônica, que é a capacidade que temos de nos moldar, de nos adaptar às mudanças.
Isso vem de nosso instinto de conservação. Precisamos nos adaptar para poder sobreviver.
Os estudos mostram também que o que faz com que as pessoas saiam mais ou menos felizes de cada situação tem menos a ver com a situação em si, isto é, com os acontecimentos externos, e muito mais com o estado mental de cada um ao passar por ela.
Assim, poderemos ser mais felizes depois de um grande ganho financeiro?
Poderemos. Não pelo ganho em si, mas pelo nosso estado mental perante o fato. Primeiramente, a questão será no que nos tornaremos com essa experiência.
Quais serão as propostas de vida; que uso faremos desses recursos.
Se serão apenas para nosso próprio bem ou pelo bem comum; se serão veículo do bem ou apenas satisfação de nossos caprichos pessoais.
Se forem apenas para acúmulo próprio, para satisfazer nosso egoísmo, nossa preguiça e reforçar a vaidade, nada mudará na vida.
Ou poderá mudar para pior.
Assim, antes de colocarmos para nós esse tipo de sonho, pensemos bem na responsabilidade.
Pensemos que o foco da vida não está no conforto material que é meio e não finalidade.
Se não estivermos preparados, a riqueza, mesmo relativa, é prova demasiado arriscada.
Caso nos chegue, saibamos usá-la com sabedoria e bondade.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, do livro A Arte da Felicidade, de Dalai Lama e Howard C. Cutler, ed. Martins Fontes.
Em 30.7.2024.
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