"Guerra que mata mais que a da Ucrânia"
21 / 09 / 2024
O mundo está distraído e silencioso.
A região de Darfur na parte ocidental do território do Sudão é palco da maior crise humanitária global na atualidade.
A previsão é que 13 milhões de pessoas morram de fome no Sudão, até outubro de 2025.
Tal número tornaria esta uma das piores fomes da história mundial e a pior desde a fome chinesa de 65 anos atrás.
Uma guerra que mata mais que a da Ucrânia, já registra mais de 300 mil mortos, ao longo das últimas décadas.
Esse saldo aterrador não tem gerado atenção e debate no âmbito internacional. O mundo está indiferente.
Segundo a ONU, mais de 2,7 milhões migraram principalmente para o Chade, país vizinho.
Milhares de pessoas ainda fogem do Sudão diariamente.
Darfur limita-se com a a Líbia, o Chade e a República Centro-Africana.
Durante décadas, o povo do Sudão enfrenta guerra civil, genocídio, seca e roubo dos recursos naturais do país.
O Sudão é o terceiro maior país da África,com população de 25 milhões de pessoas, atrás da Argélia e da República Democrática do Congo.
As causas dos conflitos em Darfur são decorrentes do abandono do governo central por essa área do país e a luta dos cristãos no Sul contra o governo islâmico no Norte.
Mesmo com a Independência do Sudão do Sul em 2011, não houve trégua.
Ao contrário, as barbaridades têm aumentado dia a dia.
São comuns cadáveres deixados nas ruas em Darfur para apodrecer no calor e os animais os comem.
Não é incomum ver um cachorro mastigando os restos de um corpo humano.
Recentemente, a crise agravou-se com uma onda de refugiados fugindo da violência no norte da Etiópia.
Chegaram cerca de 50.000 etíopes a um Sudão em falência, em busca de segurança, alimentos, água, abrigo, medicamentos e outras necessidades básicas.
Aqueles que cruzam as fronteiras, na maioria mulheres e crianças, estão chegando a áreas remotas com praticamente nada em suas mãos e desesperadamente precisam de comida, água, abrigo e cuidados médicos.
Muitas famílias foram separadas e chegam traumatizadas.
Compromissos firmes da comunidade internacional são urgentemente necessários no apoio ao Sudão e os países que acolhem refugiados, para que eles vivam com o mínimo de dignidade.
*Ney Lopes é jornalista, escritor, ex-deputado federal
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