sábado, 28 de setembro de 2024

"Não há favorito em eleição, nem jogo de futebol" - artigo de Ney Lopes, jornalista, escritor, ex-deputado federal

"Não há favorito em eleição, nem jogo de futebol"




Ney Lopes

Estamos às vésperas da eleição municipal de 2024.

Ao longo da minha vida pública participei de muitas eleições municipais e aprendi que não existe favoritismo em jogo de futebol, nem eleição.

Nunca foi tão atual a afirmação do ex-governador Magalhães Pinto, de que “a política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.

A maioria da classe política teima em não enxergar essa realidade, já tantas vezes confirmada nas urnas.

Por isso digo sempre que tire o “cavalo da chuva”, quem pensar que a popularidade do Presidente Lula elegerá prefeitos em massa”.

Em 2004, quem pensou assim, terminou derrotado.

Veja-se: São Paulo (com Marta Suplicy); Rio de Janeiro (com Jorge Bittar); Porto Alegre (com Raul Pont); Ângelo Vanhoni (Curitiba); Nelson Pellegrino (Salvador) e tantos outros.

Em 1985, Fernando Henrique, candidato do então prefeito Mario Covas, perdeu para prefeito de SP na disputa contra Jânio Quadros.

FHC chegou na campanha a sentar na cadeira de prefeito.

Jânio Quadros, o vitorioso, não poupou o gesto precipitado do adversário e no dia da posse desinfetou a poltrona, justificando-se: “porque nádegas indevidas a usaram”.

FHC saiu tão enfraquecido após a derrota, que não tinha condições sequer de candidatar-se a deputado federal.

Terminou Presidente da República.

No RN, Wilma de Faria disputou o Governo do Estado em 1994 e ficou em último lugar.

Perdeu para Mineiro do PT.

Quatro anos depois (1998), Wilma elegeu-se prefeita de Natal.

Eu fui o vice-prefeito.

O adversário deputado Henrique Alves, parecia imbatível, apoiado pelo Presidente da República, governador Geraldo Melo e o prefeito Garibaldi Filho de Natal.

Campanha histórica.

Quatro eleições majoritárias no Rio Grande do Norte pareciam definidas de véspera pelas pesquisas: a de Djalma Marinho para o Senado em 1974; a de João Faustino, Fernando Bezerra e Garibaldi Alves para o governo do estado, em 1984, 2002 e 2006, respectivamente.

Apurados os votos, todos perderam, mesmo tendo apoio de mais de dois terços dos prefeitos estaduais e a indicação de vitória tranquila em pesquisas da época.

No país não há exemplo mais expressivo, do que Jeferson Perez, modesto vereador em Manaus, “cara dura”, que enfrentou dois ex-governadores amazonenses e ganhou para o Senado duas vezes.

Igualmente, Saturnino Braga perdeu para vereador no Rio de Janeiro e dois anos depois se elegeu Senador.

José Serra perdeu duas vezes para prefeito de São Paulo, derrotado por Erundina e Pita.

Em 2006, foi o primeiro governador de SP eleito no primeiro turno.

Os casos concretos citados falam por si.

São válidos para que partidos e candidatos ponham a “barba de molho” e coloquem os “pés no chão”.


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